Acreditar que o mercado de trabalho é dominado exclusivamente por jovens é um equívoco e reflete o viés etarista ainda prevalente no mundo corporativo. É evidente que nossa sociedade conta com presença expressiva de indivíduos com 50 anos ou mais, em comparação com duas décadas atrás. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, reporta que a expectativa de vida atual é de 73,3 anos. As pessoas estão ficando mais velhas e ativas por mais tempo e essa realidade está mudando a estrutura de trabalho no Brasil e mundo afora.
Preparados para os desafios
Podemos dizer que os indivíduos a partir dos 50 anos já passaram por grandes transformações sociais e tecnológicas ao longo da vida, por essa razão estão mais preparados para os desafios. A chamada geração baby boomer foi responsável por grandes revoluções mundiais como a disseminação do conceito de juventude, o movimento hippie, a revolução sexual, o feminismo, a pílula anticoncepcional, entre outras. Hoje, eles estão redefinindo a longevidade e participando ativamente da sociedade, trabalhando e estudando.
Geração 50+: Integrados ao mundo digital
Aqueles que presumem que a geração prateada não consegue acompanhar as mudanças tecnológicas e, portanto, está menos integrada à digitalização cometem uma generalização equivocada. Os seniores são a parcela da população que mais cresce entre os usuários de internet no Brasil. Para se ter uma ideia, segundo mostra o módulo de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), o percentual de indivíduos com 60 anos ou mais que navegam na web subiu de 24,7% em 2016 para 62,1% em 2022. Além disso, a chegada das redes sociais mais imersivas irá facilitar a comunicação não apenas entre as gerações mais jovens, mas também entre as pessoas mais experientes, oferecendo novas oportunidades de interação e conexão on-line.
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Mercado de trabalho: Inteligência artificial e ESG
Há muitos seniores trabalhando com inteligência artificial e programação. As seniortechs, empresas tecnológicas que surgem para garantir a autonomia e qualidade de vida aos 50+, é uma área em que novos negócios podem ser criados. Vale ressaltar que a transição tecnológica pela qual estamos passando impacta todos, por isso nenhuma geração deve ser excluída desse processo. Podemos afirmar que não existem “nativos digitais” quando se trata de inteligência artificial; nesse sentido, todos têm potencial para contribuir, desde que haja oportunidades disponíveis.
A vivência da geração prateada é muito bem-vinda para encontrar soluções para o contexto no qual estamos inseridos. Tanto o campo do ESG quanto o da IA são relativamente novos e podem se beneficiar da contribuição dos seniores para seu desenvolvimento. Eles são bem recebidos não apenas por sua preocupação com a diversidade e inclusão, características do pilar social do ESG, mas também devido à vasta experiência profissional, que é amplamente reconhecida e valorizada.
O potencial dos profissionais com mais de 50 anos no ambiente corporativo e no ecossistema de startups é inegável, no entanto, eles merecem um reconhecimento maior. Essa geração, que vivenciou diversas transformações ao longo de sua trajetória, está mais bem preparada para enfrentar os desafios atuais. É fundamental valorizar cada indivíduo por suas habilidades e capacidade de contribuir para o futuro, independentemente da idade. Estamos em um período de transição, o que significa que não há soluções prontas ou definitivas. Portanto, podemos construir o novo mundo que almejamos juntos.
*Fernando Potsch é CEO da Seniortech Ventures, uma venture builder que tem como propósito contribuir com a longevidade – seniortech@nbpress.com.br.
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