Márcia Catunda
Coluna + Emprego

6 em cada 10 brasileiros LGBTQIAPN+ declaram que as empresas têm preconceito em contratá-los

Apesar de haver colaboração entre as empresas e a comunidade, preconceito ainda veta ingresso desses indivíduos ao mercado de trabalho

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30 de abril de 2024
Márcia Catunda

Segundo dados da terceira edição do estudo do Oldversity®, produzido pelo Grupo Croma, em que 2 mil pessoas em todo o Brasil responderam de forma quantitativa e online à pesquisa, mais da metade das pessoas LGBTQIAPN+, 52%, percebe que marcas e empresas têm se ajustado mais às suas necessidades; contudo, ao ingressar no mercado de trabalho, 63% constatam que há preconceito ao contratá-los. Quase dois terços dos respondentes têm essa certeza.

6 em cada 10 brasileiros LGBTQIAPN+ declaram que as empresas têm preconceito em contratá-los
Crédito: Reprodução Internet

 

Já entre os que alegam que já sofreram preconceitos estão 44% que pertencem à comunidade; 9% compõem o público formado por héteros.

 

Quatro em cada dez pessoas creem que as lojas estão mais preparadas para atender o público LGBTQIAPN+. 77% do público passou a admirar marcas Oldversity®. Estão entre estas: a Natura, que tem o maior índice de aceitação, 33%; O Boticário, segunda no ranking, com 12%. Ambas estão presentes nas primeiras colocações dos estudos de 2020 e 2023, indicando resultados de uma gestão contínua e coerente com a marca. E, por fim, Globo e Avon, com 6%.  A estimativa indica que houve um aumento significativo das empresas associadas à temática da diversidade. E, conforme se verá, a adesão dos públicos também é expressiva.

 

Edmar Bulla, fundador do Grupo Croma e idealizador do estudo, diz que este é um público engajado e consciente quanto às próprias causas: “Este é um público consciente, que sabe o que esperar das marcas. O público LGBTQIAPN+ está entre os mais engajados quanto aos temas relacionados à diversidade; mesmo assim, apesar desse envolvimento, há ainda a consciência de que muitos indivíduos podem ou devem ter mais espaço, representatividade e empregabilidade. Eles querem inclusão, não privilégios”.

Este público se identifica com as propagandas que falam sobre diversidade, 67%, o que demonstra maior contacto com as marcas e maior exigência de pautas que sejam relacionadas com a luta de toda a comunidade. Por isso, 77% deles acreditam que deve haver mais propagandas sobre o tema repercutindo pelas empresas. O vínculo entre as pautas divulgadas pelas companhias e o indivíduo revela que há colaboração entre os grupos, que, muitas vezes, se sentem representados pelas empresas cujos produtos escolhem usar.

 

Existe também a consciência de que a maior veiculação do tema gera riscos às marcas: 42% creem que a diversidade atribui risco a essas instituições. Outro dado interessante diz que, apesar de haver boa colaboração entre ambos (público e companhia), 58% afirmam que deve haver maior adesão desses indivíduos pelo mercado de trabalho. Todas essas percepções – as quais são confluentes com as dos pretos – ocorrem devido ao fato de os dois grupos serem os que mais sofrem preconceitos no âmbito social, sendo muitas vezes alvos de estigmas desafiadores.

 

Bulla crê que as empresas têm olhado com mais atenção ao público LGBTQIAPN+, mas o combate ao preconceito deve ser mais efetivo no momento da contratação: “De fato, as empresas têm se preocupado mais em abordar temas que circundam esse universo. Mas apenas isto não basta. Políticas devem ser implantadas para que os integrantes da comunidade tenham a chance de entrar no mercado de trabalho. Os direitos devem ser iguais para todos. Por isso, a luta continua e permanece necessária para que haja mais inclusão”.

 

Conforme a opinião da comunidade, se houver comparação entre as expectativas atuais e as do governo anterior, a maioria acredita que haverá mudanças positivas no Governo Lula e 62% creem que haverá grande melhora entre o público LGBTQIAPN+. A opinião diminui entre os héteros, ficando na casa de 56%.

 

“Políticas sociais, educativas e legislação mais dura são fundamentais para que haja mudança de cenário. É necessário que haja medidas públicas para combater o preconceito. A sociedade civil também deve se mobilizar cada vez mais. É necessário promover condições que amparem esses indivíduos que são constantemente menorizados por padrões distorcidos quanto ao que é certo e o que é errado”, afirma Bulla.

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