Modelo de trabalho híbrido ainda é o preferido da maior parte do mercado, tanto para empresas quanto para profissionais
35% das empresas brasileiras já adotam regime de trabalho totalmente presencial
Há quatro anos, ninguém poderia prever como o trabalho remoto iria transformar profissionais, empresas e seus ambientes de trabalho. Mesmo agora, alcançar o ponto de equilíbrio ainda é um desafio. Segundo dados da 27ª edição do Índice de Confiança Robert Half, 35% das companhias exigem a presença diária no escritório, enquanto apenas 6% dos colaboradores preferem esse modelo.
É perceptível o crescimento do número de empresas que optam pelo retorno às atividades inteiramente presenciais. Em relação a essa escolha, houve um aumento de cinco pontos percentuais em comparação com o último trimestre. Apesar do principal ponto de discordância girar em torno do modelo 100% presencial, o esquema de trabalho híbrido ainda é o preferido pela maioria dos entrevistados, tanto na visão das empresas quanto na opinião dos profissionais.
Entre as companhias, 58% estão funcionando em modelo híbrido, 35% de forma presencial e 7% seguem totalmente em home office. Do lado dos profissionais, a preferência pela modalidade híbrida é ainda maior: 77% a consideram como o modelo ideal de trabalho, enquanto 17% indicam o home office integral e apenas 6% o presencial.
De acordo com a pesquisa, o retorno 100% presencial levaria 65% dos profissionais empregados a buscar um novo emprego – sendo que 22% deles afirmam que o retorno ao escritório definitivamente não é uma opção, enquanto 43% indicam que buscariam um novo trabalho, mas que não teriam problemas em permanecer na atual empresa até que encontrassem outra oportunidade.
“Para alguns profissionais, o ambiente do escritório proporciona uma sensação de pertencimento e conexão com a equipe, além de facilitar a troca de ideias e o aprendizado colaborativo. Além disso, para algumas pessoas, o trabalho presencial pode representar uma separação mais clara entre vida pessoal e profissional, ajudando a manter um equilíbrio saudável entre os dois aspectos da vida”, comenta Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul.
O executivo da Robert Half avalia que, depois da experiência do trabalho remoto, a maioria dos colaboradores prefere não retornar ao modelo 100% presencial devido ao desejo de manter a flexibilidade, autonomia e qualidade de vida. “Para as empresas, o trabalho presencial facilita a colaboração e a inovação, promovendo a troca de ideias e a resolução de problemas de forma mais eficaz. No entanto, muitas não têm nem espaço físico suficiente para acomodar 100% dos colaboradores 100% do tempo”, complementa Mantovani.
Além dos impactos na retenção, o retorno presencial ao trabalho pode influenciar na atração de talentos. A pesquisa revela que 11% dos profissionais desempregados só aceitariam uma proposta de trabalho 100% presencial se não tivessem outra escolha.
Desafios de gestão: modelo 100% presencial
Na visão das empresas, os cinco principais desafios dos gestores que lideram times 100% presenciais são: equilibrar a necessidade de interação presencial com a flexibilidade desejada pelos funcionários; lidar com possíveis resistências à cultura presencial em um cenário mais flexível; manter a comunicação eficiente; adaptar-se às mudanças nas expectativas dos funcionários em relação ao trabalho presencial; e garantir a segurança e saúde dos funcionários no ambiente de trabalho físico.
Desafios de gestão: modelo 100% remoto
Entre aquelas que atuam em formatos 100% remotos, os cinco desafios de gestão mais latentes são: promover a comunicação clara e eficaz em um ambiente virtual; manter a equipe engajada e motivada à distância; assegurar a segurança da informação; gerenciar efetivamente o desempenho dos funcionários sem uma presença física constante; e monitorar a carga de trabalho para evitar o esgotamento dos colaboradores.
Desafios de gestão: modelo híbrido
Já para as companhias que funcionam em modalidade híbrida, os cinco maiores desafios de gestão são: manter a produtividade e eficiência da equipe, considerando diferentes ambientes de trabalho; gerenciar a comunicação de maneira a manter todos os membros da equipe informados e envolvidos; equilibrar efetivamente a colaboração entre membros da equipe presencial e remota; promover a colaboração e a coesão da equipe; e garantir que as políticas e práticas sejam justas para todos os funcionários, independentemente do local de trabalho.
Desemprego abaixo dos 4%
O cenário torna-se ainda mais complexo ao levar em consideração a taxa de desemprego entre os profissionais qualificados (a partir dos 25 anos com ensino superior completo). De acordo com o ICRH, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, o nível de desocupação dos profissionais qualificados (a partir dos 25 anos e com graduação completa) foi de apenas 3,6% no quatro trimestre de 2023. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a taxa está 0,2 pp mais baixa.
Diante da constante evolução das preferências de trabalho, as organizações devem adotar estratégias flexíveis e proativas não apenas para atrair e reter talentos, mas também para impulsionar os resultados da empresa. A capacidade de se adaptar e responder às necessidades dos colaboradores desempenha um papel fundamental tanto na satisfação e engajamento da equipe como no alcance dos objetivos organizacionais.
“É importante reconhecer que os diferentes modelos de trabalho não vão agradar a todos da mesma forma, e nem todos os negócios têm flexibilidade de oferecer alternativas aos colaboradores. Cabe a cada parte analisar suas necessidades e possibilidades, buscando encontrar um equilíbrio que atenda tanto às demandas individuais quanto às exigências corporativas, independentemente do formato adotado”, destaca Fernando Mantovani.
Esse recorte faz parte da 27ª edição do ICRH e é resultado de uma sondagem conduzida pela Robert Half com 1.161 profissionais, igualmente divididos em três categorias: recrutadores (profissionais responsáveis por recrutamento nas empresas ou que têm participação no preenchimento das vagas); profissionais qualificados empregados; e profissionais qualificados desempregados (com 25 anos ou mais e formação superior), distribuídos regionalmente e proporcionalmente pelo Brasil.
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