Ícone do site Portal GCMAIS

Mercado de trabalho aquecido – Cresce o número de brasileiros pedindo demissão

Imagem: freepik

O número de desligamentos a pedido do trabalhador vem crescendo no Brasil e isso indica que o mercado está aquecido. Esse fenômeno traz implicações tanto positivas quanto negativas ao país. “Essa elevação é atribuída a um baixo desemprego e à falta de perspectivas de crescimento no emprego atual”, explica o economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike.

Segundo o executivo, essa relação empregabilidade-perspectiva acaba impulsionando o trabalhador a buscar melhores oportunidades. “Eles [os trabalhadores] estão mais confiantes em deixar seus empregos atuais na expectativa de encontrar melhores condições de trabalho, salários mais altos ou mais benefícios”, diz.

Eyng lembra que em 2023 o número de trabalhadores que pediram demissão atingiu um recorde de 7,3 milhões. “Trata-se do maior número desde 2004, representando um aumento significativo em comparação aos anos anteriores, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego”, destaca.

Já André Colares, CEO da Smart House Investments, reforça que esse aumento na confiança dos trabalhadores pode ser benéfico para a economia, pois indica que as pessoas estão otimistas sobre suas perspectivas de emprego. “Isso pode levar a maior mobilidade no mercado de trabalho, impulsionando a produtividade e a inovação nas empresas. Além disso, pode resultar em melhores condições salariais e de trabalho, estimulando o crescimento econômico”, aponta.

Entretanto, elenca que essa alta rotatividade também pode ser negativa, pois as empresas podem enfrentar dificuldades para reter talentos e manter a continuidade de seus projetos. “Aumentos frequentes nos custos de contratação e treinamento podem afetar a produtividade e os resultados financeiros das empresas. Além disso, a incerteza pode levar a uma menor estabilidade no emprego para alguns trabalhadores”, frisa.

Publicidade

Colares ressalta, ainda, que além desses fatores é importante considerar o impacto das políticas econômicas do governo e das condições macroeconômicas globais. “O cenário internacional, como a inflação nos EUA e as decisões do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), também influenciam o mercado de trabalho brasileiro. Portanto, a combinação de fatores internos e externos precisa ser cuidadosamente monitorada para entender completamente as tendências e implicações para o mercado de trabalho no Brasil.”

Para o sócio do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, é inegável que a economia brasileira está aquecida. “O desemprego estável está mais uma vez demonstrando o mercado de trabalho aquecido. Esse indicador é reforçado pelo fato de ter aumentado o número de pedidos de demissão, o que revela que os trabalhadores estão recebendo outras propostas de trabalho mais atrativas e deixando seus antigos empregos”.

 

Pnad Contínua

 

 

Geração Nem Nem

Outro ponto de inflexão ligado ao mercado de trabalho está relacionado ao envelhecimento da população brasileira. Isso se torna ainda mais urgente ao se observar que o número de jovens entre 14 e 24 anos que não trabalham, não estudam e não procuram emprego aumentou significativamente. Nos três primeiros meses do ano passado, havia 4 milhões de jovens nessa situação, mas este ano o número subiu para 5,4 milhões.

Os dados foram levantados pela Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. Para o órgão, vários fatores contribuem para esse crescimento, afetando principalmente as mulheres, que representam 60% desse grupo.

 

Envelhecimento

O Censo Demográfico 2022, conduzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), evidencia o envelhecimento da população brasileira. Entre 2010 e 2022, foi registrado o maior aumento de envelhecimento entre os censos. A idade mediana do brasileiro subiu de 29 para 35 anos. Em 2010, havia 31 idosos (com 65 anos ou mais) para cada 100 jovens de até 14 anos. Atualmente, essa proporção passou para 55 idosos para cada 100 jovens.

Essa mudança está ligada não apenas à redução dos índices de natalidade, mas também ao aumento da longevidade. Dos 5.570 municípios brasileiros, 4.396 têm pelo menos um residente com 100 anos ou mais, e o número de pessoas centenárias cresceu 67% em relação ao censo de 2010.

 

 

 

Sair da versão mobile