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Liderança ou bem-estar? Geração Z redefine o conceito de ‘sucesso profissional’

Imagem: freepik

A atual geração, conhecida como Geração Z, nascida entre 1997 e 2010,  está desafiando as expectativas tradicionais de ascensão profissional. Uma análise aprofundada desses jovens revela que eles estão menos inclinados a assumir papéis de liderança devido a uma série de fatores, predominantemente ligados a questões de saúde mental, equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, e uma preferência por uma abordagem mais leve da vida.

Os dados coletados pela Visier, uma plataforma de análise de pessoal e planejamento de força de trabalho, mostram que 91% dos profissionais liberais não querem se tornar gestores de pessoas pelos seguintes motivos: expectativas de aumento de estresse/pressão ou simplesmente satisfação com suas funções atuais. Esses motivos sugerem uma aversão à carga de trabalho intensa e aos compromissos extensos associados aos papéis de liderança.

Além disso, a pesquisa da YouGov Global Profiles destaca uma tendência entre os adultos da Geração Z na América Latina de valorizar o tempo livre e buscar alternativas ao trabalho convencional. 51,5% desses jovens expressou o desejo de não trabalhar todos os dias e demonstrou uma disposição menor para sacrificar seu tempo livre em prol de avanços na carreira, em comparação com outras gerações.

Essa relutância em assumir cargos de liderança também pode ser atribuída à falta de confiança na capacidade de liderar e gerenciar uma equipe de forma eficaz, conforme evidenciado pela pesquisa da Visier. “A pressão por liderar e o medo de repetir experiências negativas de má gestão podem estar contribuindo para a hesitação dos jovens em buscar papéis de liderança,” analisa a psicanalista e Presidente do Ipefem (Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino), Ana Tomazelli.

Ademais, as prioridades da Geração Z estão claramente focadas em aspectos como passar tempo com a família e amigos (67%), manter a saúde física e mental (64%) e buscar experiências significativas, como viajar (58%). A busca por um equilíbrio entre trabalho e qualidade de vida é uma característica marcante dessa geração, que valoriza mais a flexibilidade, o bem-estar e um ambiente de trabalho que promova esses valores do que posições de liderança tradicionais.

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“Esses dados refletem uma mudança fundamental nas ambições e prioridades dos jovens profissionais, que estão redefinindo o conceito de sucesso no local de trabalho. Em vez de se esforçarem por cargos de liderança e status corporativo, muitos membros da Geração Z preferem uma abordagem mais equilibrada e centrada no bem-estar, optando por uma vida profissional menos estressante e mais gratificante em termos pessoais.” afirma Tomazelli.

Ainda para a Presidente do Ipefem, a ação acontece devido ao estresse que grandes cargos possuem, bem como a pressão e a carga horária desequilibrada, fazendo com que os jovens tenham problemas mentais e iniciem o uso de medicamentos fortes.

Geração Z lidera o ranking do burnout 

Conforme o estudo da plataforma de benefícios corporativos Betterfly, 60% dos jovens da geração Z vêm experimentando sensação de burnout, ou exaustão, no trabalho. Eles também apontam sobrecarga (47%), vontade de pedir demissão (45%), falta de reconhecimento (44%) e tratamento injusto (25%) como fatores que afetam seu bem-estar.

A geração Z é realista, prática, e busca satisfazer necessidades financeiras e pessoais, além de valorizar aspectos emocionais e sensoriais. São autodidatas, responsáveis e tendem a buscar soluções inovadoras para problemas. No entanto, sua entrada no mercado de trabalho pode causar conflitos geracionais inicialmente.

Conforme a pesquisa da McKinsey e da revista Exame, os jovens da geração Z são revolucionários que nasceram em um contexto tecnológico desenvolvido. Em função disso, mantê-los e retê-los é um desafio que muitas empresas estão enfrentando. “A chegada dessa geração no mercado de trabalho, portanto, exige adaptação, não apenas no ambiente organizacional, mas também na gestão de talentos”, declara a psicanalista.

Como a Geração Z pode auxiliar as empresas? 

Diante desse cenário, Ana explica que as empresas precisam reavaliar suas estratégias de recrutamento e desenvolvimento de talentos para atrair e reter os jovens líderes do futuro. “Isso inclui a criação de culturas organizacionais que valorizem o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, a implementação de políticas de trabalho flexíveis e o oferecimento de oportunidades de crescimento profissionais, que estejam alinhadas com as prioridades e valores da Geração Z.”

Em resumo, os dados disponíveis apontam claramente para uma mudança nas aspirações e comportamentos da Geração Z em relação ao trabalho e à liderança. Em vez de buscar posições de poder e prestígio, esses jovens profissionais estão priorizando o bem-estar pessoal e a qualidade de vida, o que está moldando uma nova dinâmica no mercado de trabalho e desafiando as expectativas tradicionais de sucesso profissional.

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