Uma queixa comum de muitos jovens é que as vagas pedem experiência, o que dificulta para quem está procurando o primeiro emprego. Isso tem influenciado inclusive na inserção desses jovens em carreiras acadêmicas, pois meio que geram desmotivação na construção de sua profissionalização, funcionando então como fios condutores de exigências ainda em maturação.
Entretanto, considero o investimento em cursos os quais sejam fortalecidas capacidades técnicas e socioemocionais, as chamadas hard skills e soft skills, funcionam como diferencial para assegurar ou tentar a oportunidade almejada.
Salientando que, as hard skills são habilidades específicas e quantificáveis, sendo assimiladas pela educação formal, treinamento ou experiência prática. Por outro lado, as soft skills são as competências interpessoais, ou seja, modo de trabalho e como se interage com as pessoas, remetendo à comunicação, gestão emocional, criticidade, escuta ativa, empatia, etc.
Percebo grandes dificuldades que os jovens enfrentam no mercado de trabalho como a falta de alinhamento de propósito; missão, visão e valores desconectados do jovem para com a empresa e vice-versa; educação e habilidades inadequadas em ambientes profissionais; posicionamento de vida indo de encontro com a cultura organizacional das empresas; expectativas irrealistas em relação a salários, benefícios e crescimento na carreira.
Ademais, vê-se muitas ocasiões de discriminação e preconceito, insegurança e ansiedade sendo fortalecidas pela pressão social e falta de autoconhecimento dos mesmos, mercado com alto índice de turnover, que é a rotatividade de colaboradores gerando instabilidade, concorrência com a automação, localização geográfica.
Para aqueles que querem conseguir um trabalho como jovem aprendiz, geralmente as empresas disponibilizam oportunidades para jovens iniciantes no mercado de trabalho, em turnos que não são de seus estudos, estas mantém contato com escolas e faculdades para que os mesmos se candidatem às vagas.
Estas vagas estão disponíveis em empresas públicas e privadas, em todos os segmentos de mercado e portes. O programa Jovem Aprendiz é um projeto do governo federal criado a partir da Lei da Aprendizagem (Lei 10.097/2000), determinando que empresas contratem jovens com idade entre 14 e 24 anos como aprendizes. O contrato pode durar até 2 anos e, durante esse período, o jovem recebe aprendizado teórico (em sala de aula) e prático (dentro da empresa contratante).
Há pessoas que confundem as competências de um jovem aprendiz com as de estagiário. A principal diferença entre jovem aprendiz e estagiário são as leis que regem e definem cada ocupação, ou seja, como os programas são distintos, eles seguem um formato diferente, mesmo estando disponíveis para um público semelhante, são diferenças organizacionais como método de contratação, o próprio contrato de trabalho, a idade necessária, carga horária, vínculos empregatícios e pagamento.
É necessário enfatizar a importância da oferta desse tipo de trabalho, respeitando as condições mínimas necessárias para um trabalho digno, focando o desenvolvimento de excelência do jovem em seus conhecimentos, habilidades e atitudes, em ambiente profissional, competências técnicas e interpessoais.
Recentemente, saiu um dado alarmante: 4,6 milhões de jovens não trabalham nem estudam, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego. É a chamada geração Nem – Nem, que engloba jovens de 15 a 29 anos, trazendo preocupações e muitos debates em nosso país, haja vista a situação física e emocional desses jovens, bem como a economia do Brasil.
Estar afastado do ambiente educacional e do mercado de trabalho remete a uma combinação de fatores, que podem incluir a possibilidade de oportunidades, desigualdades sociais, problemas familiares e até mesmo psicológicos. Vinculada a essa nomenclatura, aparece uma outra preocupante também, a Sem – Sem, referindo-se à falta de acesso ao ensino e trabalho de qualidade.
Além disso, fatores relacionados à saúde mental também têm influenciado essa estatística significativamente, problemas referentes à depressão, ansiedade e a falta de autoestima podem afastar os principiantes tanto da escola quanto do trabalho.
Para mudar essa realidade é importante o fortalecimento de atividades que conectam o autoconhecimento afim da percepção de si e assim entendendo a importância de saber quais são os seus espaços, suas habilidades.
Há muitas ferramentas para conhecer a si mesmo, além da terapia, que é fundamental nesse processo. No mundo corporativo, usa-se muito a análise de SWOT para análise das empresas. Trazendo para as pessoas físicas, o grande desafio é exatamente conhecer seus pontos fortes, pontos fracos, as ameaças e as oportunidades, no estudo e no trabalho. Relacionar pelo menos três de cada um desses pontos já é um bom começo para autopercepção e alavancar a carreira e a vida.
Além disso, conforme o CIEE, 6,3 milhões de jovens ocupados são informais. O mercado informal vem refletir de modo muito particular para cada um, nele há vantagens e desvantagens, a informalidade tomou uma visibilidade maior pós pandemia pela necessidade de reinvenção de pessoas e empresas, elevando inclusive o empreendedorismo.
De modo negativo, percebo a falta de benefícios trabalhistas, precariedade e instabilidade, ausência de um trabalho estruturado, estigma de não trabalho e até a falta de validação social; por outro lado, positivamente verifica-se o desenvolver da experiência prática, o aprimoramento de habilidades, a ampliação da rede de contatos, a flexibilidade e adaptabilidade.
O impacto do trabalho informal depende muito do contexto individual e de circunstâncias específicas de cada jovem, entretanto sinto que seja importante também que políticas públicas e programas de apoio sejam direcionados para mitigar os ônus e maximizar os bônus.
Por falar em trabalho, vem a questão “O jovem deve priorizar os estudos ou quanto antes ele conseguir ingressar no mercado de trabalho é melhor?” Essa decisão depende de muitos fatores, podendo incluir objetivos pessoais e profissionais, as circunstâncias familiares e econômicas, todavia entendo que um equilíbrio entre estudo e trabalho seja uma boa opção, estágios, empregos de meio período ou mesmo um trabalho voluntário, podem trazer uma prática sem comprometer os estudos. Sou a favor da experiência, tentativas de modo flexível que permitam ajustar o foco entre ambos pode ser a melhor escolha.
Mini currículo da profissional:
Socióloga; Professora de Pós Graduação, Especialista em Gestão Estratégica de Marketing; Técnica em Gestão e Estratégia em Mídias Sociais; Produtora Cultural; Mestre de Cerimônia; Analista de Coach, Coach de Talentos Líder Coach, Idealizadora do projeto LIVE PAPO, Psicanalista Clínica, Cooautora do Podcast Mulheres que fazem a diferença, Palestrante, Mentora de carreira e vida.
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