Márcia Catunda
Coluna + Emprego

Transformando emoções negativas em força no trabalho

Neste artigo, Lucas Nogueira, diretor regional da Robert Half, explora como as emoções podem ser encaradas como uma paleta de cores que compõem a totalidade de uma pessoa. No mercado de trabalho, assim como nada vida, ignorar sentimentos negativos é impossível.

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22 de julho de 2024
Márcia Catunda

Por Lucas Nogueira

No ambiente de trabalho, as emoções negativas são frequentemente vistas como inimigas da produtividade e do bem-estar. No entanto, como ilustrado no filme “Divertida Mente 2” (Inside Out 2), da Disney Pixar, as emoções são como uma paleta de cores que compõem a totalidade de uma pessoa. Ignorá-las é impossível.

Transformando emoções negativas em força no trabalho
Lucas Nogueira, diretor regional da Robert Half

É preciso abraçá-las, entender como superar as dificuldades e tirar proveito das vantagens e aptidões que cada um de nós possui. As emoções têm um papel crucial no nosso dia a dia e podem ser transformadas em forças poderosas para apoiar a equipe de trabalho. Compreender e canalizar essas emoções de forma construtiva incentiva um ambiente mais equilibrado, resiliente e colaborativo.

Por que não devemos ignorar as emoções negativas?

No primeiro filme, Divertida Mente (2015), Riley era criança e precisou aprender a lidar com as emoções que conhecia: Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojo. A sequência conta com a menina pré-adolescente se mudando para uma nova cidade, São Francisco, na Califórnia. Nesta época, cheia de descobertas, cinco novas emoções aparecem: Ansiedade, Vergonha, Inveja, Tédio e Nostalgia.

Essas emoções, inicialmente percebidas como perturbadoras, acabam sendo essenciais para a jornada da personagem. No ambiente corporativo, emoções como as descritas acima não devem ser ignoradas ou suprimidas, mas reconhecidas e compreendidas.

Ansiedade: como canalizar o melhor desse sentimento

Considerada um dos principais transtornos da vida moderna e da era da informação, a ansiedade atinge mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. O Brasil é o grande campeão, com 18,6 milhões de pessoas que sofrem desse transtorno, de acordo com dados de 2023 da Organização Pan-Americana da Saúde, o que representa 9,3% da população.

Apesar disso, essa emoção é uma sensação normal que, se controlada, pode ser positiva. No contexto profissional, a ansiedade costuma surgir com novas responsabilidades, mudanças de função ou adaptações a novas tecnologias. Equipes que reconhecem essa emoção tendem a trabalhar juntas para construir resiliência.

A melhor maneira de combater a ansiedade é dar protagonismo e voz aos trabalhadores, fazendo com que se sintam valorizados, além de proporcionar treinamentos, mentorias e um ambiente no qual a aprendizagem e o crescimento são incentivados. Isso transforma a ansiedade em uma oportunidade de desenvolvimento.

Tédio: como ajudar na motivação?

O tédio é outra emoção explorada em “Divertida Mente 2”. Embora frequentemente visto como negativo, o tédio sinaliza a necessidade de agir e tentar algo novo. No filme, o tédio ajuda Riley a lidar com a intensidade da vida adolescente. No ambiente profissional, a sensação de tédio é positiva quando incentiva a busca por novas soluções e abordagens inovadoras.

Equipes entediadas com processos repetitivos ou falta de desafios são indicativos de que é hora de introduzir mudanças e incentivar a criatividade, pois o excesso de tédio costuma resultar na síndrome de Boreout: um fenômeno psicológico que ocorre no meio corporativo, caracterizado por tédio extremo e falta de desafios e estímulos nas atividades diárias. Diferente do Burnout, causado por excesso de trabalho e estresse, o Boreout surge quando o ambiente empresarial é monótono e subutiliza as habilidades do indivíduo.

A síndrome geralmente tem consequências negativas tanto para o indivíduo quanto para a organização, incluindo queda na qualidade das entregas, aumento do absenteísmo e rotatividade de funcionários. É importante que empresas e gestores estejam atentos a esses sinais e busquem criar um ambiente de trabalho mais dinâmico e envolvente para prevenir a ocorrência dessa síndrome.

Inveja: por incrível que pareça, pode ser positiva

A inveja, constantemente percebida como negativa, é retratada no filme de maneira mais benigna. Ela pode servir como motivação para alcançar melhores resultados e desenvolvimento pessoal. Na esfera profissional, essa emoção deve ser direcionada para melhorar o desempenho e buscar reconhecimento.

Quando os colaboradores percebem qualidades desejáveis nos colegas de equipe, como habilidades ou sucesso, ganham mais motivação para atingir seus próprios objetivos, transformando a inveja em admiração e inspiração.

Vergonha: como superar o medo do julgamento

Em “Divertida Mente 2”, a vergonha também aparece pela primeira vez. No contexto profissional, a vergonha está no limiar entre a autopreservação e o medo de realizar novas tarefas ou assumir responsabilidades mais complexas.

Apesar de ter importância no sentido de ser um sentimento que faz com que as pessoas prestem atenção ao julgamento alheio e respeitem as normas sociais, a vergonha também é paralisante e impede que profissionais brilhantes demonstrem seu potencial pelo medo de rejeição.

Além disso, o medo de errar também paralisa. Quando colaboradores entendem que errar faz parte do processo e que reconhecer esses erros é um passo para a melhoria contínua, a vergonha pode se transformar em um fator positivo.

Nostalgia: a influência positiva

No filme, a nostalgia aparece como uma emoção que, embora melancólica, carrega traços positivos. Ela ajuda a valorizar experiências passadas e enfrentar desafios futuros com maior senso de controle. No meio corporativo, essa sensação, conhecida como “saudade”, tende a reforçar os laços de equipe e promover um ambiente colaborativo. Lembrar de sucessos passados motiva a equipe a continuar trabalhando duro e a se unir em torno de objetivos comuns.

Entretanto, é preciso ter cuidado para não se perder em sentimentos nostálgicos, mantendo abertura para o novo e para o desconhecido. Mudanças e despedidas acontecem, e estar preparado para elas é fundamental. Nostalgia é um bom sentimento, mas não se deve exagerar na dose.

Assim como Riley e suas emoções aprendem a trabalhar juntas em “Divertida Mente 2”, os profissionais podem encontrar força nas emoções negativas. Reconhecendo e canalizando essas sensações de maneira construtiva, as equipes desenvolvem uma dinâmica mais equilibrada e resiliente. Desta forma, as emoções negativas não apenas coexistem com as positivas, mas também contribuem significativamente para o sucesso e a harmonia no ambiente de trabalho.

*Lucas Nogueira é Diretor Regional da Robert Half

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