Em um mundo corporativo cada vez mais dinâmico e competitivo, a escolha de lideranças eficazes é um fator crucial para o sucesso organizacional. No entanto, um número crescente de estudos e relatórios indica que muitas empresas ainda enfrentam desafios significativos ao selecionar seus líderes.
Segundo um estudo da Career Partners International, 60% dos executivos falharam nos primeiros dois anos por não se alinharem à cultura da empresa ou por não desenvolverem relações e parcerias essenciais. Essa falha pode ser atribuída a diversos fatores, incluindo a falta de preparo, a escolha baseada em critérios inadequados e a ausência de apoio durante a transição para a nova posição.
Além disso, um relatório da Gallup aponta que o custo da má gestão e da perda de produtividade de funcionários não engajados ou ativamente desengajados é de US$ 8,8 trilhões, ou 9% do PIB global. Esses números sublinham a importância de um processo rigoroso e criterioso na seleção de líderes.
“Infelizmente, é comum encontrar empresas que cometem o erro de promover indivíduos baseados principalmente em seu desempenho técnico ou por terem um bom relacionamento, sem considerar habilidades de liderança. Essa prática não só compromete a eficácia da equipe, mas também pode ter um impacto negativo na saúde mental dos colaboradores,” destaca Renato Herrmann, especialista em Desenvolvimento de Lideranças e Saúde Mental no trabalho. “Lideranças mal preparadas muitas vezes geram ambientes de trabalho estressantes e desmotivadores, exacerbando problemas de saúde mental.”
Critérios de seleção: o que realmente importa?
Algumas instituições ainda cometem o erro de elevar de cargos colaboradores com base em seu desenvolvimento técnico, sem considerar habilidades de gestão e liderança. Contudo, a McKinsey & Company destaca que os líderes mais eficazes são aqueles que demonstram fortes habilidades interpessoais, capacidade de inspirar e motivar equipes, e uma visão estratégica clara.
Em contrapartida, a tendência de escolher gestores baseados em senioridade ou histórico de resultados individuais pode ser prejudicial. De acordo com Renato, um processo de escolha bem-sucedido deve mapear a existência de habilidades de liderança de pessoas nas pessoas que ainda não são líderes.
“Escolher e selecionar líderes considerando apenas o desempenho técnico é uma receita para problemas. As habilidades interpessoais e a capacidade de liderar e inspirar são fundamentais. Sem essas qualidades, a liderança pode se tornar autoritária, desmotivadora ou micro gerenciadora, impactando negativamente o clima organizacional” afirma o especialista.
A importância do desenvolvimento contínuo
Mesmo após a promoção, o desenvolvimento contínuo de habilidades de liderança é crucial. A Deloitte Insights aponta que empresas que investem em programas de desenvolvimento de liderança têm 2 a 3 vezes mais chances de superar seus concorrentes em termos de desempenho financeiro. Isso reflete a necessidade de um compromisso constante com o crescimento e aperfeiçoamento dos líderes na organização.
O papel da diversidade e inclusão
A diversidade na liderança também é um fator determinante para o sucesso organizacional. Dados do Peterson Institute for International Economics indicam que empresas com pelo menos 30% de mulheres em posições de liderança têm 15% mais probabilidade de alcançar uma lucratividade acima da média.
O estudo Diversity Matters Even More 2023 revela que empresas diversas em termos de gênero mostraram uma melhora financeira de 25%. Quando a diversidade é reconhecida em todos os pilares, como pautas raciais, LGBTQIAP+ e de pessoas com deficiências, este número sobe para 36%!
Para Herrmann, a inclusão de diferentes perspectivas e experiências enriquece a tomada de decisões e promove uma cultura de inovação. “Portanto, é essencial que as empresas priorizem a diversidade em seus processos de identificação de lideranças”, afirma.
Embora a escolha de líderes eficazes permaneça um desafio significativo para muitas empresas, as melhores práticas e os dados disponíveis fornecem um guia valioso para melhorar esse processo. “Ao adotar critérios baseados em habilidades de liderança, investir em desenvolvimento contínuo e promover a diversidade, as organizações podem não apenas evitar os custos de más escolhas, mas também posicionar-se para um crescimento sustentável e um desempenho superior”, conclui Renato.
A reflexão sobre a eficácia dos processos de escolha de lideranças é o passo mais crucial para qualquer organização que deseja prosperar em um ambiente corporativo em constante evolução.