Os índices de estresse e burnout no Brasil nunca estiveram tão altos, fator que contribui para que, em abril de 2023, fosse sancionada uma lei que instituiu o “Janeiro Branco” para a promoção da saúde mental no país. Desde então, o mês de janeiro passou a receber campanhas nacionais de conscientização da população sobre a saúde mental, abordando a promoção de hábitos e ambientes saudáveis, além da prevenção de doenças psiquiátricas.
Porém, os altos índices de estresse, ansiedade, entre outros transtornos mentais, não são causados “apenas” pelos desafios do dia a dia. Eles também são fruto de ambientes corporativos tóxicos, baseados em modelos ultrapassados de comando e controle, onde há sobrecarga de trabalho, excesso de reuniões, além de líderes despreparados.
A especialista em felicidade corporativa e fundadora da Reconnect Happiness at Work & Human Sustainability, Renata Rivetti, explica que as empresas seguem tentando resolver os sintomas e não a raiz dos problemas. “As organizações têm gasto milhões de dólares em programas de bem-estar e o problema da saúde mental continua crescendo de forma significativa. Por que? Pois elas estão tentando atuar nos sintomas e não na causa, que está dentro delas mesmas”, explica Renata.
Como as empresas podem prevenir impactos na saúde mental dos funcionários?
Para Renata, é preciso construir uma base de segurança psicológica, por meio de quatro eixos sugeridos pela Dra. Amy Edmonson, professora da Harvard Business School (EUA): criar um espaço seguro para rever atitudes diante de erros, construir um ambiente de comunicação clara e transparente, proporcionar um ambiente colaborativo, e priorizar a diversidade, a inclusão e a equidade.
“Além disso, é preciso transformar o modo como nos relacionamos nas empresas”, continua Rivetti. A especialista em felicidade corporativa sugere a construção de relações de confiança, empáticas e humanas, em todas as equipes. “Os líderes devem reconhecer e valorizar seus times, e aplicar espaços de escuta ativa”, explica. Por último, outra ação simples que gera resultados na saúde mental é flexibilizar modelos de jornada de trabalho e dar mais autonomia aos colaboradores.
“Assim, com conscientização, autorresponsabilidade, mudanças reais de hábitos e atitudes, além do engajamento de todos, será possível construir uma cultura mais justa, humana e positiva”, conclui Renata.