Márcia Catunda
Coluna + Emprego

Pesquisa inédita revela que brasileiros aceitam receber menos em troca de mais saúde mental e bem-estar

Segundo pesquisa feita pela Reconnect em parceria com a Pin People, 66% dos brasileiros trocariam de emprego hoje, mesmo com salário menor, por ambientes menos tóxicos. Dados do relatório ainda apontam os motivos da insatisfação e improdutividade

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14 de março de 2025
Márcia Catunda

Reconnect Happiness at Work & Human Sustainability, em parceria com a Pin People, finalizaram uma pesquisa inédita sobre bem-estar, sustentabilidade humana e produtividade consciente no Brasil, revelando que 66% dos brasileiros pediriam demissão para ir para outro emprego que lhes proporcionasse mais saúde mental, mesmo com o salário menor. O estudo também mostra que o bem-estar é determinante para que haja produtividade e que a Geração Z (nascidos entre 1997 e 2012) é a mais insatisfeita com relação ao trabalho.

Pesquisa inédita revela que brasileiros aceitam receber menos em troca de mais saúde mental e bem-estar
Divulgação Desafios enfrentados pelos brasileiros no ambiente corporativo estão adoecendo profissionais

Os dados extremamente relevantes para o futuro do trabalho foram reunidos no: “1º Relatório de Sustentabilidade Humana e Produtividade Consciente no Trabalho“. O material também revela os maiores desafios enfrentados pelas organizações brasileiras e traz ideias e oportunidades para que as empresas possam implementar, para dar alguns passos rumo a transformações positivas, que tragam bem-estar e sustentabilidade para o mundo corporativo.

Principais destaques do Relatório:

  • GenZ é a geração mais insatisfeita: com um eNPS¹ de -24, a geração Z (9.2% dos respondentes) enfrenta dificuldades de adaptação, alinhamento com propósito e bem-estar no trabalho;
  • Produtividade está diretamente ligada ao bem-estar:profissionais que se sentem “sempre produtivos” apresentam eNPS de +22, enquanto aqueles que “raramente se sentem produtivos” registraram -84;
  • Os principais desafios de sustentabilidade humana atualmente são:  dificuldade de se expressar com a liderançafalta de equilíbrio vida pessoal e profissional, e pouco suporte da empresa ao bem-estar;
  • 66% dos respondentes aceitariam trocar de empresa por outra que priorizasse o bem-estar, mesmo com salário igual ou menor;
  • Ansiedade é o sentimento predominante no trabalho: 5% dos respondentes citaram a ansiedade como principal emoção associada ao ambiente corporativo;
  • Modelos de trabalho flexíveis geram mais satisfação que o modelo 100% presencial:o modelo remoto foi o único com eNPS positivo (+13), enquanto o presencial obteve o pior desempenho (-20).

Em resumo, o estudo aponta que: a liderança, o equilíbrio vida-trabalho e o suporte ao bem-estar são os maiores desafios para as organizações brasileiras, enquanto a ansiedade é o sentimento predominante no trabalho.

“Para que possamos realizar mudanças efetivas, é crucial compreender o cenário brasileiro, principalmente em sustentabilidade humana (conceito recente que foca no desenvolvimento e no bem-estar dos colaboradores em 1º lugar), saúde e produtividade, e o relatório busca oferecer insights valiosos para esse propósito”, explica Renata Rivetti, especialista em felicidade corporativa e CEO da Reconnect.

Atualização da NR-01 com inclusão de riscos psicossociais

A atualização da NR-01 (Norma Regulamentadora – NR nº 1), publicada em agosto de 2024, introduziu a obrigatoriedade de identificar e gerenciar riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Essa atualização, aprovada pela Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP), amplia o escopo da gestão de riscos ocupacionais, incluindo a necessidade de considerar os riscos psicossociais relacionados ao ambiente de trabalho (além de riscos físicos, químicos, biológicos, de acidentes e ergonômicos).

Com a nova norma, as empresas devem realizar avaliações periódicas desses riscos e adotar medidas preventivas específicas, adequadas à natureza de cada atividade. A inclusão dos riscos psicossociais no PGR sublinha a importância da saúde mental no contexto da segurança e saúde ocupacional. As empresas precisam agora identificar fatores como estresse, assédio, sobrecarga de trabalho e pressão, entre outros, que possam comprometer o bem-estar dos trabalhadores.

“Essa mudança também reflete uma evolução do mercado, exigindo que as organizações assumam um papel ativo na identificação e mitigação de riscos, garantindo que os colaboradores não adoeçam mentalmente devido à sobrecarga ou ambientes tóxicos”, explica a especialista Renata Rivetti.

Sobre o “Relatório de Sustentabilidade Humana e Produtividade Consciente no Trabalho

A pesquisa foi realizada pela Reconnect e pela Pin People, em parceria com a Coalizão de Sustentabilidade Humana e Bem-Estar, entre 17 de outubro e 15 de novembro de 2024 – com resultados analisados entre dezembro e janeiro de 2025.

Ao todo, o estudo contou com a participação de 721 respondentes – de 20 estados brasileiros – coletando mais de 3.100 comentários – para analisar os principais desafios enfrentados pelos trabalhadores no país.

E todos os dados e conclusões foram reunidos no “1º Relatório de Sustentabilidade Humana e Produtividade Consciente no Trabalho”, que traz um aprofundamento das estratégias que as empresas podem usar para liderar a transformação do trabalho no Brasil.

  • O relatório completo deve ser solicitado à assessora Tabatha Antonaglia.

¹ eNPS é a sigla para Employee Net Promoter Score, uma métrica que mede o nível de satisfação e lealdade dos funcionários em relação à empresa.

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