Márcia Catunda
Coluna + Emprego

Dia do Trabalho: buscas no Google por “demissão” disparam 173%, no último ano

Pesquisas sobre o tema geraram quase 1 milhão de consultas em 12 meses; veja ranking das dúvidas mais comuns

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1 de maio de 2025
Márcia Catunda

As demissões voluntárias bateram recorde no início de 2025. De acordo com dados do FGV Ibre, 38% de todas as demissões com carteira assinada no país entre janeiro e fevereiro foram a pedido do próprio trabalhador — o maior índice desde o início da série histórica em 2020. No primeiro bimestre, 1,625 milhão de brasileiros deixaram seus cargos por vontade própria, um crescimento de 15,5% em relação a 2024. E quem solicita o desligamento, em grande parte, são jovens entre 18 e 29 anos — com maior nível de escolaridade e, muitas vezes, em busca de novos caminhos profissionais.

Dia do Trabalho: buscas no Google por “demissão” disparam 173%, no último ano

Esse movimento também se reflete na internet. Um levantamento da Onlinecurriculo, plataforma de currículos online, aponta que as buscas pelo termo “demissão” no Google dispararam 173% entre os meses de março de 2024 a março de 2025 — gerando 819,2 mil buscas pelo termo.

A tendência parece estar ligada a fatores como insatisfação salarial, ambiente de trabalho e, principalmente, a busca por mais flexibilidade, qualidade de vida e saúde mental. Ainda assim, o levantamento mostra que o pedido de demissão gera muita insegurança entre os profissionais. Como pedir demissão, o que recebo e qual o melhor dia para pedir demissão, estão entre as principais perguntas pesquisadas na internet no último ano, — evidenciando que, mesmo quando a decisão de sair é planejada, ainda existem muitas dúvidas sobre os direitos e procedimentos formais do desligamento.

E se… eu pedir demissão?

O crescimento das demissões voluntárias parece ter impulsionado uma enxurrada de dúvidas entre quem deseja saber mais sobre o assunto. Nos últimos 12 meses, perguntas sobre demissão somaram 819,2 mil buscas no Google. A maioria delas não questiona apenas o procedimento burocrático, mas reflete uma preocupação concreta com as consequências do pedido de demissão.

Dentre as 12 dúvidas mais comuns entre os internautas, 9 são sobre a ideia de se desligar da empresa voluntariamente. As buscas mais frequentes revelam que, para os trabalhadores, o maior temor envolve o impacto dessa decisão nas finanças pessoais.

Questões sobre o valor das verbas rescisórias, como o cálculo de salários, dominam as pesquisas. Além disso, dúvidas sobre o saque do FGTS e a possibilidade de acesso ao seguro-desemprego reforçam a preocupação com a estabilidade financeira pós-demissão. No total, as dúvidas financeiras somam 491.500 buscas.

Apesar das questões financeiras, a principal dúvida pode ser resumida em: “afinal, como pedir demissão?”. Muitos trabalhadores se preocupam com a forma correta de formalizar a saída, como o funcionamento do aviso prévio e o melhor momento para se desligar. As questões relacionadas ao processo burocrático do rompimento contratual trabalhista somam 224.360 consultas, e mostram que muitos brasileiros, ao planejar o afastamento de uma empresa, buscam se assegurar de que estão cumprindo todos os trâmites legais.

A tabela mostra que, ao considerar pedir demissão, uma ansiedade comum entre os brasileiros é saber o que vão ganhar ou perder — tanto em termos de valores quanto de benefícios. Isso indica que, apesar da vontade de mudar de emprego ou estilo de vida, o aspecto financeiro continua sendo uma das maiores barreiras (ou motivações) para a tomada de decisão.

Saiba disso antes de pedir as contas

Antes de formalizar um pedido de demissão, é importante que o trabalhador conheça seus direitos e entenda quais verbas poderá receber. As regras estão previstas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e são reforçadas por informações oficiais do Ministério do Trabalho e Emprego.

O primeiro passo para pedir demissão é a comunicação formal à empresa. O trabalhador deve redigir uma carta ou e-mail informando sua decisão. Em seguida, precisa cumprir o aviso prévio de 30 dias, salvo se houver negociação para redução ou dispensa do cumprimento — nesse caso, o valor correspondente pode ser descontado das verbas rescisórias.

Durante o aviso trabalhado, o empregado tem direito a sair duas horas mais cedo por dia ou faltar sete dias corridos, sem prejuízo no salário, para buscar nova colocação. Para contratos com mais de um ano, o aviso prévio pode ser proporcional, acrescentando três dias a cada ano completo de serviço, até um limite de 90 dias.

Não existe uma regra legal sobre o melhor dia para pedir demissão, mas especialistas sugerem fazer isso logo após o quinto dia útil do mês. Dessa forma, o trabalhador evita problemas com o pagamento do salário anterior e facilita o cálculo correto das verbas rescisórias.

Em relação às verbas, quem pede demissão tem direito a receber o saldo de salário pelos dias trabalhados no mês, férias vencidas acrescidas de um terço, férias proporcionais também com adicional de um terço e o 13º salário proporcional.

Apesar disso, não recebe o seguro-desemprego, conforme a Lei nº 7.998/1990. O seguro-desemprego é um benefício exclusivo para quem é demitido sem justa causa. Em situações muito específicas, como rescisão indireta reconhecida judicialmente, o trabalhador pode ter acesso ao seguro-desemprego, mas em casos excepcionais.

Atualmente, quem faz o pedido só pode sacar o FGTS em condições específicas. Porém, o governo federal estuda mudanças para permitir que trabalhadores que pedirem demissão possam acessar os recursos mais facilmente. Essa alteração ainda não foi oficializada e depende da aprovação de novas regras.

Se o pedido ocorrer após cinco meses de trabalho, o trabalhador receberá saldo de salário, férias proporcionais e 13º salário proporcional ao período trabalhado, mas não terá direito a férias vencidas, que são devidas após 12 meses de serviço.

Para quem é demitido por justa causa tem direito apenas ao saldo de salário e, se houver, às férias vencidas com um terço. Não recebe férias proporcionais, 13º proporcional, multa de 40% do FGTS, nem acesso ao FGTS ou ao seguro-desemprego. Já no acordo de demissão, regulamentado pela Reforma Trabalhista de 2017, o trabalhador recebe saldo de salário, férias e 13º proporcionais. Pode sacar até 80% do FGTS e a multa é reduzida para 20%. Nesse caso, também não há direito ao seguro-desemprego

METODOLOGIA

Identificamos um crescimento de 173% nas buscas pela palavra “demissão” na internet, somando cerca de 819,2 mil consultas entre março de 2024 e março de 2025. Para entender as principais dúvidas sobre o tema, reunimos as perguntas relacionadas ao termo que registraram os maiores volumes de pesquisa ao longo desses 12 meses — e, a partir disso, criamos o ranking.

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