Quando reflito sobre minha jornada de fé, não posso deixar de recordar um episódio que marcou meu início de caminhada espiritual no Ceará. Era o tempo em que um suposto vidente de Nossa Senhora atraía multidões todos os meses. As pessoas vinham de longe para testemunhar o que nunca se mostrou além de uma suposição. Contudo, assim como surgiu, a fama do vidente logo se dissipou. Talvez devido a uma fé mínima, nunca dei muito crédito a esse tipo de fenômeno.
Com o passar dos anos, tenho visto diversos modismos e ‘novidadismos’ brotarem na Igreja como mato à beira da estrada. Essas tendências podem até influenciar a forma como celebramos a Eucaristia. Por exemplo: a Igreja, em sua sabedoria, permite que os fiéis recebam a Sagrada Comunhão de diferentes maneiras: de pé, na mão; de joelhos, na boca; ou diretamente na língua. Não há uma forma mais correta, pois a Igreja reconhece todas as três como legítimas.
No entanto, atualmente, há uma tendência crescente de desaprovação em relação à comunhão na mão, como se fosse quase um sacrilégio.
Um artigo do portal O Catequista abordou essa questão, apontando como essa opção se tornou alvo de críticas infundadas, como se o ato de receber a Eucaristia na mão ofendesse a Nosso Senhor ou fosse sinal de desrespeito.
É preocupante ver como algumas pessoas transformam uma escolha litúrgica em uma ideologia rígida. Soube de alguém que assistia à Missa Tridentina, mas como no local desta celebração a Eucaristia era dada na mão, a pessoa deixava para comungar em outra Missa onde pudesse receber a Sagrada Hóstia de joelhos e na língua. Isso não é fé, é neurose religiosa.
Receber a Eucaristia de joelhos não torna alguém mais santo. Devemos lembrar que até o século XI, os cristãos comungavam diretamente na mão. A questão fundamental é o cuidado e o respeito com que nos aproximamos desse sacramento.
Certamente, em grandes assembleias e eventos abertos, é essencial tomar precauções pastorais adequadas. Devemos sempre ter zelo ao receber a Hóstia Santa na mão.O perigo reside naqueles que espalham modismos, impondo suas vontades e interesses pessoais como verdades absolutas.
Se alguém opta por comungar de joelhos, que o faça por devoção e respeito, não por moda ou como um protesto contra o magistério do Papa Francisco ou algo parecido.
Isso poderia facilmente deslizar para uma mentalidade jansenista, perigosa e excessivamente escrupulosa.
Ninguém é digno de receber a Eucaristia. Foi o próprio Senhor que nos concedeu esse privilégio e nos deixou seu Corpo e Sangue como alimento espiritual. Não devemos transformar a forma como recebemos esse dom em uma bandeira de luta pessoal.
Os modismos vêm e vão, como folhas levadas pelo vento. O essencial permanece.
O mais importante é cultivar uma fé autêntica, baseada na verdadeira devoção e no respeito aos ensinamentos da Igreja.Que possamos nos apegar ao essencial da nossa fé e não nos deixar levar por ventos passageiros de ideologias e modas fugazes que vão desaparecer como a lembrança daquele vidente.