Ao digitar “Apostolado” no campo de busca do Instagram, fui inundado por uma avalanche de iniciativas que brotam principalmente nas redes sociais. A maioria ostenta nomes em latim e sempre está pronta para vender algo. De camisetas a óleos devocionais, não falta mercadoria. Alguns destes apostolados até se propõem a cuidar das “lágrimas de Nossa Senhora”. Encontrei uma que promete o envio de uma tríade de relíquias para sua casa, como se fosse um “pedacinho do céu” entregue na sua porta, cobrando apenas o custo do envio. Isso já gerou muita confusão em 1517, caro leitor. A página “O Catequista” traz uma publicação pertinente sobre a venda de relíquias na internet.(https://www.instagram.com/p/C_Dmk3ox9J3/?igsh=MXdjMWszbWRrcjhxcA==).
Um apostolado que se limita à esfera digital não apenas falha, mas perverte o propósito da evangelização. Ele gera católicos sacramentalistas, que buscam a Igreja apenas para receber Sacramentos, sem qualquer compromisso com a vida comunitária. Além disso, propaga uma fé supersticiosa, transformando sacramentais em meros amuletos. Santos são desfigurados, com partes de seus ensinamentos distorcidas e apresentadas como ideais inalcançáveis, afastando as pessoas da verdadeira santidade.
Gosto de dizer que uma humilde senhora do Apostolado da Oração — este sim, digno do nome — faz infinitamente mais pela construção do Corpo Místico de Cristo do que essas páginas, com seus milhares de seguidores envenenados por doutrinas suspeitas. A fé católica não pode existir de forma isolada; ela é inseparável da vida em comunidade. Não somos protestantes; nossa fé é essencialmente comunitária, enraizada na comunhão dos batizados.
A fé exige um comprometimento que vai muito além das telas. Exige envolvimento concreto com os irmãos e irmãs na vida real.
A fé digital é perigosamente frágil. Nesses ambientes virtuais, o Evangelho é eclipsado por aparições, fenômenos místicos e vidências apocalípticas; o inimigo de Deus é indevidamente exaltado, com orientações absurdas, como a de que devemos evitar dormir no escuro total. Falta discernimento. A situação é grave e requer a atenção dos legítimos pastores, pois até a correta veneração dos santos e de Nossa Senhora está em risco. Quando o culto a eles não nos conduz diretamente a Cristo e ao Seu Evangelho, estamos diante de uma forma insidiosa de idolatria.