Desde os primeiros dias de janeiro de 2021, a população de Manaus tem presenciado um grande acúmulo de notícias tristes relacionadas ao novo coronavírus. Segundo dados divulgados pelos órgãos de saúde do Amazonas, Manaus teve cerca de 1.979 novos internados com Covid de 1º a 11 de janeiro deste ano.
Ou seja, em apenas 11 dias, janeiro se tornou o segundo mês com o maior número de novas internações por Covid-19 em Manaus desde o começo da pandemia, o primeiro continua sendo abril de 2020.
O estado enfrenta atualmente um novo surto de Covid-19, e voltou a sofrer com hospitais e cemitérios lotados por conta da doença, confirmando assim uma segunda onda mais severa, como alertavam os especialistas. O Amazonas já contabiliza mais de 216 mil casos confirmados e mais de 5,7 mil mortes.
Diante deste cenário alarmante, é natural que muitos amazonenses se sintam com o estado psicológico fragilizado. Pois, a maioria infelizmente já teve algum familiar ou amigo internado com a doença, ou pior teve que perdê-los para o vírus.
A forma que reagimos a tudo isso
De acordo com o Dr. Carol Costa Júnior, psicólogo clínico e neuropsicólogo, a situação se torna agravante quando reagimos negativamente diante de tais perdas comprometendo nossa própria vida.
“A partir do momento que isso começa a afetar seu dia a dia, e compromete seus afazeres diários, temos um problema. A depressão não ocorre de cara, ela se acomete gradativamente, aos poucos, a partir do momento que sentir que isso está afetando todos os campos de sua vida, aí é a hora de solicitar ajuda especializada”, explica o especialista.
O médico ainda destaca que a ansiedade se torna recorrente a partir do fato que estamos lutando contra um “inimigo invisível”, ou seja, não sabemos onde o vírus pode estar.
“O que acontece é que passamos o ano de 2020 totalmente reféns desse vírus, sem notícias esperançosas e devido a algumas mídias sensacionalistas que através de notícias falsas aumentavam ainda mais a ansiedade das pessoas, nesse caso o correto é evitar grupos de mensagens e procurar informações em mídias confiáveis. Além do que se você segue todas as regras orientadas pelos órgãos de saúde, você está possivelmente seguro. Neste momento, é preciso separar o medo real do medo fantasioso”, ressalta.
Ele ainda destaca que é importante que as pessoas também saibam identificar os sinais. Para pessoas que já sofriam de ansiedade ou depressão, a pandemia pode ter colaborado para o agravamento destes casos, e outras tenham tido um nível de carga emocional muito elevado, após o acúmulo de notícias tristes.
“Houve uma grande explosão nos atendimentos psicológicos, mas é preciso ficar atento também aos sinais físicos como dor de cabeça, choros fáceis, sudorese, tonturas, formigamento na ponta dos dedos, parte do corpo dormente, entre outras. Tudo isso é um indicativo de que você precisa de ajuda psicológica. Então, procure ocupar sua mente com atividades prazerosas, que possam lhe reconectar com o seu verdadeiro eu. Traçar boas metas para esse ano e pensar positivamente que irá realizá-las já é um bom caminho”, destaca o psicólogo.