As mudanças na comunicação acompanham a nova era na sociedade informacional, termo cunhado pelo sociólogo espanhol Manuel Castells para designar como os meios se projetam como extensões do nosso corpo e se incorporam nas práticas sociais. Assim, o multistreaming é um horizonte para os veículos tradicionais de imprensa – que buscam se reinventar – e seus anunciantes, cada vez mais interessados em conversar com seus consumidores.
“A palavra é diálogo. Existe no mercado, de cinco anos para cá, uma discussão sobre como as pessoas consomem mídias. Eu costumo tratar nosso público como usuário. Eles podem consumir nosso conteúdo em mais de um formato e de maneira simultânea ou não. A audiência foi democratizada e nossos usuários nos compreendem quando a gente conversa com eles de forma direcionada”, detalha Edson Ferreira, diretor executivo e comercial do Grupo Cidade de Comunicação (GCC). “O interessante disso é a criação de narrativas, possibilitada pelo que chamamos de multistreaming”, completa.
Por um tempo, os anúncios eram precificados pela audiência do conteúdo, seja ele jornalístico ou entretenimento. Os novos rumos do mercado, porém, direcionam as negociações com base no impacto digital. A estratégia considera o valor de uma mensagem conforme a probabilidade de alcance em diferentes ambientes. Para as marcas, a transformação representa o aumento de possibilidades para conversar com o público onde ele está: no celular, na TV, no computador, na assistente pessoal (Alexa, por exemplo) e por aí vai.
Tudo isso para chegar à pessoa certa, ou seja, ao seu consumidor. Para os anunciantes, o multistreaming é visto como uma estratégia de marketing. Já para os grupos de comunicação, é um modelo de negócio. O desafio que clientes e grupos enfrentam, muitas vezes, é planejar de forma inteligente uma ação capaz de utilizar as plataformas mais adequadas sem perder a coerência.
Para desbravar o novo caminho, a empresa está alinhada com o público, que opina e participa sobre o conteúdo. “Hoje, todo mundo acompanha seu noticiário ou programa preferido com o celular na palma da mão. Enquanto se informa ou se diverte, já interage, compartilha sobre aquele conteúdo nas redes sociais. O feedback é imediato e nós estamos atentos a isso. Conversamos diretamente com nossos espectadores nas redes sociais. Eles participam ativamente da nossa programação”, finaliza o diretor de jornalismo do GCC, Hermann Hesse.