O debate promovido pelo Grupo Cidade de Comunicação, primeiro e único realizado pela TV aberta, contou com a participação de 9 candidatos com representação na Câmara dos Deputados. Entre eles, 3 pontuam melhor nas pesquisas de intenção de votos e representam grupos nacionais, que miram na eleição presidencial de 2022.
Luizianne Lins é filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT), o mesmo do governador Camilo Santana. Apesar da popularidade do chefe de Estado, o maior cabo eleitoral da candidata é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No programa, fez questão de reforçar seus feitos nas duas gestões à frente da Prefeitura de Fortaleza. Sobraram críticas ao atual governo municipal, liderado pelo prefeito Roberto Cláudio. “Nós temos uma cidade que está deprimida, uma cidade que está abandonada. A periferia então, nem se fala. É uma cidade que está sofrida”. Em outro momento, ao responder o candidato Anízio Melo (PCdoB), afirmou que quem “reivindica apoio do Bolsonaro deveria ter vergonha”. Para a candidata, o presidente “está fazendo muito mal a Fortaleza”, referindo-se a maneira com que a União lida com a pandemia do novo Coronavírus.
Capitão Wagner (PROS) foi apontado, durante o debate, como o candidato do presidente Jair Bolsonaro. Ele não negou, mas também evitou entrar em detalhes sobre o apoio. No começo dos embates, denominou José Sarto (PDT), como “candidato dos [irmãos] Ferreira Gomes”. Ele rebateu, associando a imagem do militar a Bolsonaro. Em outra ocasião, criticou a conduta de Heitor Freire (PSL), ex-aliado do presidente, no episódio que culminou no afastamento político entre o parlamentar e o Planalto. “É muito mais feio gravar quem foi seu padrinho político na última eleição. É muito triste ver que o presidente Bolsonaro colocou a mão na cabeça do candidato Heitor, que na última eleição tinha tirado 2 mil votos e, por conta do presidente, passou a ser eleito deputado federal. E no primeiro momento traiu seu principal aliado. É muito triste ver isso”, disse.
José Sarto (PDT) é o postulante indicado pelo grupo político do prefeito Roberto Cláudio, alinhado com o ex-candidato à presidência Ciro Gomes. Durante o debate, Wagner e Luizianne, citaram o apoio. A petista, inclusive, afirmou que ele utilizava o tempo de programa eleitoral para fazer ataques pessoais. Sarto, por sua vez, reforçava o alinhamento com o grupo político. “Como presidente da Assembleia, ajudei ao governador Camilo Santana a resolver o problema do motim causado por um pequeno grupo de policiais, inclusive liderados pelo candidato”, disse, em resposta ao militar.
Confira o debate na íntegra:
Capital político dos padrinhos
Roberto Cláudio e Camilo Santana são os padrinhos políticos mais bem avaliados pelo eleitorado fortalezense, segundo pesquisa Ibope encomendada pelo Sistema Verdes Mares. Enquanto a gestão do atual prefeito é aprovada por 56%, o governador foi bem avaliado por 51%. Por outro lado, apenas 27% avaliam positivamente o presidente Jair Bolsonaro.
Com apoio de grandes lideranças nacionais, o pleito de Fortaleza é base para a eleição de 2020. Embora Ciro e Lula tenham se reaproximado por intermédio de Camilo, PT e PDT pretendem lançar candidaturas próprias, assim não abriram mão de seus postulantes na capital cearense. No Governo do Ceará, os dois partidos são aliados, mas em nível local, uma ala petista comandada por Luizianne mantém uma relação conflituosa com o grupo dos Ferreira Gomes. Camilo Santana fica no meio das relações. Embora seja filiado ao PT, é próximo do outro grupo. Por isso tenta costurar uma união nacional entre ambos.
Também no debate
O debate promovido pelo Grupo Cidade de Comunicação foi exibido simultaneamente pela TV Cidade, Youtube e rádio Jovem Pan News Fortaleza. Comandado pela jornalista Bianca Saraiva, o programa contou com a presença dos candidatos: Anízio Melo (PCdoB), Capitão Wagner (Pros), Célio Studart (PV), Heitor Férrer (Solidariedade), Heitor Freire (PSL), Luizianne Lins (PT), Renato Roseno (PSOL), Sarto (PDT) e Samuel Braga (Patriota).
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