Filho nasceu com a respiração comprometida. Caso é acompanhado pela Defensoria Pública do Ceará
Paciente denuncia violência obstétrica em hospital de Fortaleza
Uma mulher de 30 anos denunciou ter sofrido uma série de violações e negligências durante o trabalho de parto, em um hospital de Fortaleza. O caso aconteceu em maio de 2019 e recebe acompanhamento jurídico da Defensoria Pública do Ceará.
Após mais de um ano, a mãe ainda sofre as sequelas daquele dia, quando ela afirma que sofreu uma série de violações e negligências. “Eu vomitei, desmaiei. Foi uma sensação muito ruim. Eu não estava tendo cuidados médicos. Eu queria um profissional que dissesse pra mim o que estava acontecendo. Eu fui ficando”, rememora.
A paciente ainda se lembra que três plantonistas a atenderam no dia. “O médico não ficava no espaço onde a gente estava. Se ele ficava, não me olhava. De meio-dia às quatro da tarde, eu dilatei só dois centímetros. Ali eu percebi que não estava acontecendo algo correto comigo. Fui ficando apenas com a dor. Eu estava exausta, desorientada, desmaiando. Foi um sofrimento muito grande”, define.
“Achava que ia morrer de tanta dor. A enfermeira falou para mim algo que me marcou bastante: ‘mãezinha, a dor só vai passar quando você tiver o seu bebê’. Mas eu não tinha mais forças”, desabafa.
Após 16 horas de trabalho de parto, o filho nasceu com a respiração comprometida e com uma infecção que alega decorrente das longas horas de trabalho de parto de forma inadequada.
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De acordo com a lei estadual nº 16837 de 17/01/2019, que institui e disciplina o Estatuto do Parto Humanizado, a mulher precisa ter garantido o respeito à intimidade, privacidade e ser tratada com dignidade, ser ouvida, ter suas dúvidas esclarecidas e receber todas as informações e explicações que desejar, em especial as que impedem opção pelo parto normal, ter acesso a métodos não farmacológicos para conforto e alívio da dor.
“Quando ela não tem essa intimidade, essa privacidade preservada, isso é um atentado contra a dignidade humana. O que resta para essa mulher é buscar uma indenização, na perspectiva principal de evitar que outras mulheres passem por isso”, comenta a defensora pública e supervisora do Núcleo de Atendimento e Petição Inicial, Natali Massilon Pontes, que acompanha o caso.
De acordo com pesquisa da Fundação Perseu Abramo e Sesc, iniciada em 2010, uma em cada quatro mulheres sofre algum tipo de violência durante o parto. Muitas delas não conseguem identificar que foram submetidas a violências e, portanto, não denunciam.
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