Testemunhas do processo de impeachment contra o governador afastado do Rio de Janeiro Wilson Witzel começaram a ser ouvidas nesta quinta-feira (17) pelos integrantes do Tribunal Especial Misto, formado por cinco deputados estaduais e cinco desembargadores do Tribunal de Justiça (TJ). O tribunal especial é presidido pelo desembargador Claudio de Mello Tavares, que também preside o TJ.
Antes do início dos depoimentos, o advogado Roberto Podval, que defende Witzel, tentou adiar o interrogatório, marcado para esta sexta-feira (18). Ele alegou que não teve tempo de ler documentos anexados ao processo na véspera. Porém, Podval não teve o pleito acatado pelo colegiado do tribunal especial.
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Ainda durante a manhã, foram ouvidas cinco testemunhas da acusação. O primeiro a falar foi o ex-secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais Lucas Tristão, que declarou ter uma relação de inimizade com o ex-governador, e por isso foi ouvido como informante.
Tristão afirmou que nunca foi intermediário de ninguém no governo Witzel e que tratava apenas de assuntos de sua própria pasta. Sobre sua relação com o escritório de Helena Witzel, mulher do governador afastado, ele usou de seu direito constitucional para não responder.
A segunda testemunha ouvida foi Luiz Roberto Martins, acusado de ser o operador financeiro do esquema que funcionava na área da saúde que, segundo a denúncia, era chefiado pelo empresário Mário Peixoto.
Luiz Roberto mencionou o inquérito no qual é réu no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para ficar calado a maior parte do tempo. A mesma alegação foi usada por Everaldo Dias Pereira, o pastor Everaldo, presidente do partido de Witzel, o PSC. Ele começou o depoimento dizendo que não estava em condições de responder a nenhuma pergunta por causa do inquérito contra ele que corre no STJ. Lucas Tristão, Luiz Roberto e pastor Everaldo foram ouvidos por videoconferência por estarem presos.
Quarto a falar, o ex-subsecretário de Saúde Gabriell Neves também deixou de responder muitos questionamentos, por causa do inquérito no STJ. Ele afirmou que recebia ordens apenas de seu superior imediato, o secretário de Saúde, Edmar Santos, e que não fazia parte do gabinete de crise montado por Wilson Witzel por conta da Covid-19. Disse não ter integrado nenhuma reunião sobre a construção dos hospitais de campanha, mas que participara do processo de compra de respiradores.
O último a depor como testemunha da acusação foi o ex-subsecretário de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento Ramon de Paula Neves, que se declarou amigo de Witzel e por isso foi ouvido como informante.
Todas as testemunhas da acusação que depuseram nesta quinta-feira são suspeitas de pertencer ao esquema de corrupção, que teria causado dano de R$ 500 milhões na Saúde do Rio de Janeiro durante o governo Witzel.
O Tribunal Especial Misto é composto pelos desembargadores Teresa Castro Neves, Maria da Glória Bandeira de Mello, Inês da Trindade, José Carlos Maldonado e Fernando Foch e pelos deputados estaduais Waldeck Carneiro (PT), relator do processo, Alexandre Freitas (Novo), Chico Machado (PSD), Dani Monteiro (PSol) e Carlos Macedo (REP).
Witzel alega que não cometeu nenhum crime e disse que provará sua inocência ao longo do processo.