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Ex-jogador preso alega ser de grupo de risco, é solto e festeja em bar

Foto: Reprodução / TV Record

Um ex-jogador de futebol preso por matar em 2019 um motorista durante uma briga num posto de combustíveis, em São Paulo, conseguiu na Justiça deixar a cadeia alegando ser grupo de risco do coronavírus.

Só que apenas dois dias após ser solto, ele descumpriu uma determinação do juiz. O assassino estava num bar, à noite, comemorando a liberdade com os amigos.

Um vídeo de 19 segundos mostra os amigos comemorando a presença do condenado em um bar na capital. “Olha quem voltou, ele está na área!”,é possível ouvir na gravação. “Você não acreditou. Ele voltou!”

O registro seria corriqueiro se Dafnes Braga Souza, ex-jogador de futebol profissional, não estivesse proibido de estar ali à noite. Em maio do ano passado, ele assassinou o motorista Vagner Júnior. Por ordem da justiça, deveria estar em casa.

“Ele vai estar lá sorrindo, se divertindo e a gente vai estar aqui com a saudade, com o vazio, entendeu?”, lamenta a mãe da vítima, Rosária de Fátima Pinheiro Moreira. “Eu não acho justo ele passar o natal, as festas de fim de ano com a família dele. eu não acho justo. porque a gente vai ter um buraco na nossa mesa”, diz a irmã de Vagner, Poliana de Fátima Moreira.

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O crime

Dafnes e Vagner estavam num posto de combustíveis, na capital paulista. Vagner fez uma brincadeira e disse que o carro esportivo do ex-atleta não era potente. Dafnes se irritou e começou uma discussão. Ele pegou a arma da namorada, uma guarda civil municipal, e disparou contra Vagner, que não resistiu.

O atirador ficou preso por um ano e meio, mas conseguiu um habeas corpus na última semana. Entre os argumentos da defesa, está a pandemia. Com um atestado médico de 2019, os advogados alegam que Dafnes faz parte do grupo de risco por ter arritmia cardíaca.

A liberdade foi concedida, mas o juiz impôs medidas cautelares que Dafnes é obrigado a cumprir. Entre elas, o recolhimento domiciliar noturno.

Soltura

O ex-jogador saiu da cadeia no dia 10 de dezembro. Já no dia 12, ele foi flagrado no bar, na companhia dos amigos comemorando a liberdade. Ou seja, apenas 48 horas depois de ser solto, ele descumpriu a determinação da Justiça. “Eu peço muito que revejam isso, entendeu? Que os promotores, que os juízes revejam tudo isso, que não é justo ele estar na rua”, afirma Poliana.

A defesa do ex-jogador alega que ele não violou a determinação judicial.

“O réu Dafnes quer dizer e quer deixar claro que no dia em que as filmagens foram realizadas não havia por parte do Tribunal de Justiça nenhuma restrição a sua capacidade de ir e vir. Só vieram ontem. E a partir de ontem, cumprirá e cumpre rigorosamente todas as exigências que foram feitas”, diz o advogado do ex-jogador, Roberto Tardelli.

Mas a data da decisão do habeas corpus – a que a defesa de Dafnes teve acesso – é de 9 de dezembro, três dias antes do vídeo no bar. Todas as medidas restritivas já estavam no documento.

O advogado que representa a família da vítima entrou com um pedido para que o ex-jogador volte à prisão. “Se as medidas cautelares que foram impostas foram descumpridas por ele, o único remédio autorizado pela nossa legislação, pelo nosso código de processo penal é a revogação do benefício e nova decretação da prisão preventiva”, Paulo Vitor Toimil, advogado da família da vítima.

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