O ex-ministro da Saúde Nelson Teich sugeriu, nesta sexta-feira (25), que o Brasil tem 230 mil mortes por covid-19, 40 mil a mais do que o total contabilizado pelo Ministério da Saúde até ontem.
Segundo o médico, que ocupou o cargo entre 17 de abril e 15 de maio deste ano, cerca de 20% do total de mortes por covid-19 no país são subnotificadas.
Este já é um fato alertado por cientistas, que passaram a olhar nas estatísticas também o aumento dos falecimentos por SRAG (síndrome respiratória aguda grave), principal causa de óbito entre pacientes com quadros graves da infecção pelo coronavírus.
Dados do Ministério da Saúde mostram que, desde o início do ano até 19 de dezembro, o país registrou 1.028.903 pacientes hospitalizados com SRAG, aumento de 2.038% em relação ao mesmo período de 2019. Mais de 99% foram diagnosticados com covid-19.
Teich comentou que “não é possível saber onde esses números [de óbitos na pandemia] vão chegar”.
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Ele fez um paralelo com a pandemia da gripe espanhola, em 1918 e 1912, no Brasil.
“Os relatos históricos da Gripe Espanhola apontam um pouco mais de 35 mil mortes no Brasil nos anos de 1918 e 1919. Pelos dados do IBGE, em 1920 o Brasil tinha 30.6 milhões de habitantes. Se ajustarmos a mortalidade daquela época para os dias atuais, onde o Brasil tem aproximadamente 212.4 milhões de habitantes, o número equivalente de mortes em 2020 seria de aproximadamente 243 mil mortos.”
Para ele, “com certeza”, as mortes por covid-19 vão superar, proporcionalmente, às registradas durante a gripe espanhola no país.
“Esses números mostram como a situação é grave, difícil e incerta. Essa situação demanda que as pessoas se cuidem cada vez mais até que uma solução chegue e essa solução da covid-19 depende das vacinas e programas de vacinação eficazes. Felizmente essa realidade parece próxima.”
A Covid-19 é a pior pandemia que o Brasil já viveu, ela é mais grave que a Gripe Espanhola.
O Brasil marcou ontem, dia 24 de dezembro, 190 mil mortes. Se incluirmos nesse número as mortes subnotificadas, que conservadoramente representam 20% do total atual.— Nelson Teich (@TeichNelson) December 25, 2020
A covid-19 voltou a pressionar o sistema de saúde brasileiro em diversas cidades. Os números mais recentes mostram que desde o fim de novembro o país tem um aumento significativo de novos casos e mortes.
A média de óbitos na quinta-feira (24) estava em 737, um aumento de 15% em relação ao patamar verificado 14 dias antes.
Já a média móvel de novos casos por dia estava 44.787, crescimento de 6% na comparação com o dia 10 de dezembro.