Com as restrições devido à covid-19, brasileiros que estão no Reino Unido têm enfrentado problemas para tentar viajar para a terra natal. O país europeu sofre restrições de voos, inclusive do governo brasileiro, após o primeiro-ministro, Boris Johnson, anunciar casos de uma nova variante do coronavírus em suas fronteiras.
Não há voos diretos da Inglaterra com destino aos aeroportos brasileiros e isso obriga o trajeto ser feito com escalas, aumentando os custos de viagem, sem oferecer garantia de sucesso. Como muitos governos proibiram a entrada de quem esteve em território britânico por medo da covid-19, há muitas pessoas que não sabem como e quando voltarão para suas casas.
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Proibição a voos do Reino Unido para o Brasil começa nesta sexta-feira (25)
A paranaense Geisla Severo, de 30 anos, chegou a Londres no dia 10 de dezembro e tinha passagens marcadas para voltar em fevereiro do ano que vem. Na semana passada, seu voo foi cancelado e o retorno para o Brasil antecipado para o dia 29 de dezembro.
“A companhia aérea me garante que meu voo saindo de Portugal para o Brasil está confirmado, mas eu preciso fazer uma conexão na Espanha e o país não está aceitando ninguém que esteve no Reino Unido”, diz Geisla.
A brasileira reclama da falta de informação sobre a situação. “As informações estão desencontradas. Há voos que estão sendo cancelados em cima da hora, com 24 horas apenas de antecedência.”
Uma das condições exigidas para o embarque é que o passageiro apresente um teste PCR negativo realizado 72 horas antes do dia da viagem. Geisla conta que o teste custa 99 libras, cerca de R$ 700, e se perder a passagem vai perder também o dinheiro usado no exame, que não terá validade na próxima tentativa de viajar.
“Eu ainda tenho onde ficar e sem custo a mais. E aqueles que estão em hotéis? Que precisam gastar com comida e transporte?”, diz.
“Me senti humilhado”
O brasileiro Gabriel Oliveira, 29 anos, vive em Londres há 2 anos e decidiu voltar para o Brasil com a esposa e a filha. A passagem comprada para o dia 28 de dezembro foi antecipada para o dia 25, mas no momento de fazer o check-in não conseguiu embarcar.
“Meu voo faria uma conexão de 1h30 na Espanha e a companhia aérea me barrou dizendo que somente espanhóis poderiam viajar. Eu me senti humilhado ao lado de vários brasileiros que estavam na mesma situação que eu. Os atendentes ainda foram muito mal-educados com a gente”, diz Gabriel.
O paraense decidiu remarcar as passagens para o dia 29 de dezembro com um trajeto que tenha uma conexão em outro país fora da Europa antes de voltar ao Brasil. “Eu vou fazer o teste PCR e vou voltar para o Brasil passando pela Etiópia. Esse caminho eu sei que está dando certo.”
“Vou esperar a vacina”
Roberto Albuquerque, de 37 anos, vive em Londres há 4 anos e meio e reclama de não ter sido avisado que não poderia embarcar.
“Meu voo do dia 4 de janeiro foi remarcado e meu agente de viagem conseguiu uma nova passagem. Quando fui fazer o check-in no autoatendimento para ir para Madri, não consegui concluir e tive que ir até o guichê. Então, me avisaram que só espanhóis poderiam viajar, mas ninguém me falou isso antes”, conta.
Ele espera que no começo de janeiro os voos sejam restabelecidos para voltar e visitar a família no Brasil.
“Se não abrir os voos novamente no mês que vem, eu vou esperar a vacina para viajar. Com toda essa situação eu perdi até a vontade de ir para o Brasil agora. Eu estava fazendo mais questão pela minha mulher que perdeu a avó que teve covid-19”, diz.
A reportagem entrou em contato com o Itamaraty sobre a situação dos brasileiros no Reino Unido, mas não obteve resposta das autoridades brasileiras até a publicação desta matéria.