Álcool em gel certamente foi um dos produtos mais procurados em 2020. No pico da pandemia do novo coronavírus, no primeiro semestre, a venda disparou 2.857%, segundo levantamento da Nielsen Global Connect, empresa de inteligência de mercado. O setor comemora os bons índices e acredita que em 2021, mesmo com a vacinação, o desempenho positivo deve se repetir.
“Acredito que mesmo com a chegada da vacina, alguns itens de higiene pessoal continuarão em alta, pois a população criou novos hábitos de vida e de saúde. O novo coronavírus mudou os costumes de vida dos consumidores que passaram a se preocupar mais com saúde e bem-estar”, avalia Paulo Gurgel, presidente da Cigel Cosméticos.
A empresa reconhece crescimento de 1.358% nas vendas no período entre janeiro e novembro, em comparação com o mesmo período em 2019. “Nosso crescimento planejado para o ano todo de 2020 na Cigel, que era de 25%, passou a uma perspectiva de mais de 40% em crescimento de vendas, puxado pelo álcool em gel e demais produtos de higiene pessoal fabricados”, detalha o presidente.
Venda sem registro
A ampliação das vendas foi positiva para o setor, mas também trouxe dor de cabeça para os empresários. A produção caseira e a venda sem registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é crime previsto na legislação brasileira. Em março, a Polícia Civil fechou uma fábrica ilegal em Aracati, 150 km de Fortaleza.
No local, os policiais apreenderam cerca 200 litros de etanol 99%, 15 quilos de éter de celulose, um litro de glicerina, além de 96 frascos de 100 mililitros e 49 embalagens de um litro prontos para a venda.
De acordo com o Conselho Federal de Química (CFQ), a produção ilegal oferece riscos à saúde pública.
“No auge da pandemia interceptamos produtos que foram fabricados de forma clandestina, com matérias-primas duvidosas, feitos por oportunistas, mas acionamos as autoridades competentes e denunciamos o que nosso time ia detectando com auxílio da tecnologia e eles agiram a tempo para que esses produtos não se espalhassem para a população”, relembra o empresário Paulo Gurgel.
Denúncias
A fabricação ou venda de álcool em gel sem registro deve ser denunciada à Polícia Civil. O procedimento pode ser feito por meio do 181, o Disque-Denúncia, ou do 190 da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops). O sigilo e o anonimato são garantidos.