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Investidores chineses podem ser a solução para a fábrica da Troller no Ceará

Cearense Troller

O anúncio do fechamento das fábricas da Ford no Brasil pegou muita gente de surpresa. Aqui no Ceará, diferente dos demais estados onde ela operava, as atividades da Troller, que até então pertence à Ford, seguem até o dia 31 de dezembro.

Na terça-feira (12), o secretário do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho, Maia Júnior, em entrevista ao Grupo Cidade, falou que o acordo do Governo do Ceará e a empresa é que seja encontrado um novo proprietário para o ativo.

Para o economista e colunista do GCMAIS Igor Lucena, a solução pode ser um negócio com a China. “Os chineses vêm com uma grande aquisição de ativos no exterior, principalmente no setor automobilístico”, analisa.

A Caoa Chery, empresa chinesa, é um exemplo de marcas da Ásia que vem fechando parcerias com brasileiras em seu projeto de expansão. Inclusive, na última terça-feira, a CNN divulgou que quatro marcas da China já estariam demonstrando interesse na compra da fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia.

Porém, o economista alerta: a venda da Troller, no Ceará, não será uma tarefa simples e deve ser uma das prioridades do Governo.

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“A Troller é um ativo importante, porque ela faz um tipo de carro que não existe concorrente no Brasil”, analisa Igor Lucena. “Ele até tem alguns concorrentes, mas não são iguais. Como a Ford teve um investimento grande na compra desse ativo, para ela é muito mais complexo só fechar essa fábrica do que Camaçari e no interior de São Paulo”.

Para ele, encontrar esse investidor para assumir a Troller é uma tarefa que precisa unir esforços no âmbito Federal e Estadual para garantir os empregos e o peso na economia. “Não é uma tarefa tão simples, mas deve entrar aí um trabalho de relações internacionais e geopolítica, tanto no Governo Estadual, quanto no Federal, para que esses empregos não sejam encerrados. Seria um baque muito grande na economia do Ceará e não deixa de ser ruim para a tecnologia brasileira”.

A saída da Ford do Brasil

Segundo a própria empresa, a crise econômica causada pela pandemia de covid-19 foi um fator central para a decisão de encerrar a produção nas fábricas brasileiras.

Mas Igor Lucena lembra que a Ford já vem enfrentando uma redução no mercado há muitos anos. Nos Estados Unidos, onde a empresa foi fundada, apesar de já ter abocanhado 40% do mercado nacional no passado, hoje tem menos de 10%.

“A Ford passou 20 anos recebendo incentivos fiscais no Brasil, como a Troller também recebeu”, lembra o economista. “Então, não vai ser dando mais incentivos fiscais, que é uma política tradicional nos governos estaduais, principalmente no Nordeste, que vai fazer com que essas empresas fiquem”.

Porém, há sim outras atitudes que o Estado por tomar para resolver estes problemas. Para Igor Lucena, a prioridade é resolver questões estruturais da economia no Brasil e no Ceará.

A Ford não fecharia as suas fábricas se visse uma perspectiva de melhora de curto prazo para as suas fábricas. Ela vê que o Brasil está demorando a fazer as reformas tributárias, federativas, reforma da máquina pública, e viu que sem essas reformas que alterassem efetivamente a economia brasileira você não teria uma expansão forte do PIB”.

No caso do Ceará, ele lembra que o desafio é ainda mais complexo. Este não é um estado rico e nem próximo dos grandes centros urbanos, que costumam atrair os investimentos. Mas negócios do passado, já comprovaram o potencial da economia cearense.

Não é uma situação fácil, mas nós já trouxemos uma siderúrgica para cá com todo um pólo ao redor. E isso foi feito com uma grande política de infraestrutura local”, diz.

Ele levanta, ainda a opção de um negócio do tipo joint venture, onde o Estado entre como sócio investidor com empresas privada.

O caminho é o estado promover uma boa estrutura, para a atração de fábricas de automotores, e entrar com a opção de joint venture“, diz. “É preciso ter um pensamento muito mais estratégico de longo prazo em relação à economia”.

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