Portal GCMAIS

Jovens utilizam surfe como porta de saída contra vulnerabilidade social

Surfista e professor ajuda crianças em situação de vulnerabilidade

Marcos Aurélio, 35 anos, é ex-dependente químico. Com o esporte, encontrou a porta de saída para se livrar do vício das drogas. Hoje, como professor de surfe, ensina para outras pessoas o que aprendeu. “O surfe mudou minha vida! Renasci e hoje tenho um emprego e dignidade”, diz Marco Aurélio Souza.

O mestre, como ele mesmo define, é João Carlos Sobrinho, ou simplesmente “Fera”, atleta e professor conhecido na Praia do Titanzinho, em Fortaleza. O projeto social que leva o nome dele resgata centenas de jovens da criminalidade e das drogas nos bairros mais vulneráveis da Capital, como o Serviluz, onde a iniciativa começou.

Há 26 anos, o Fera abriu uma escolinha solidária para ressocializar crianças que passam por algum tipo de vulnerabilidade. Pai de seis filhos e um sétimo, que chega nos próximos meses, a família é maior. Além destes, o professor ainda tem outros 500 filhos adotivos, como costuma se referir sobre os ex-alunos do seu projeto social.

“Conheço a história de cada um deles. São meus filhos do coração. Eu mesmo já fui um dependente químico, mas percebi que o surfe é vida e amor, e esses sentimentos puros não combinam com as drogas”, comenta Fera.

Juju: filha do coração

Juliana dos Santos (20), ou “Juju”, surfa desde os cinco anos. Moradora do Serviluz, uma das regiões mais pobres e que em outro momento foi uma das mais violentas por conta da guerra entre facções criminosas.

Jovens utilizam surfe como “porta de saída” contra vulnerabilidade social

Juliana é uma das jovens atendidas pelo projeto social | Foto: Arquivo pessoal

Publicidade

A mãe de Juju é dependente química. O pai sempre esteve envolvido com a criminalidade. Em meio a esse caos, a jovem atleta ainda conviveu com os maus tratos ocasionados pela doença da mãe.

“Meu sonho é dar uma vida melhor para minha família. Livrar minha família do pesadelo que é o crack e dar uma moradia digna para minha avó. Quero ser o orgulho deles”, planeja Juliana. 

A Juju vive em um cômodo com aproximadamente cinco metros quadrados. Ela divide o espaço com os avós, a mãe e a irmã. Com toda a precariedade de sobrevivência, o amor, os sonhos e a esperança se sobressaem.

Uma atleta completa e top 10 no ranking brasileiro de surf feminino, mas que às vezes não tem o que comer dentro de casa. Juliana não tem sequer um colchão para descansar depois de um treino e dorme com a irmã no chão para oferecer a única cama de solteiro e uma rede para os avós e a mãe terem um pouco mais de conforto. Menina de sorriso fácil, sonhadora, guerreira e cheia de vontade para vencer na competição da vida. Encontrou no surfe, como tantos alunos de Fera, uma possibilidade de renascer.

Leia mais | 2021: momento de virar a página e reescrever histórias
Como o bom humor é terapia para pacientes que lutam contra doenças graves

Confira a matéria do Jornal da Cidade:

Sair da versão mobile