Estudantes relatam que se preparar para a prova em um ano de pandemia foi um grande desafio
Problemas emocionais estão entre as maiores dificuldades que os estudantes enfrentam neste Enem
Um pouco de ansiedade às vésperas da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é normal. Mas nesta edição, que começa no próximo domingo (17), a situação emocional dos estudantes pode ser ainda mais complicada.
“A questão do emocional está afetada por conta de tudo que está acontecendo”, diz Isabelle Firmino, estudante de 19 anos que vai participar desta edição do Enem. Ela cita notícias que vêm mexendo com o seu psicológico, como a situação do sistema de saúde de Manaus e a dificuldade do Governo Federal em disponibilizar uma vacina. “Isso dificulta o raciocínio, fica difícil acreditar no que você almeja”.
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Para Isabelle, que mora na Barra do Ceará, o sonho de entrar na Universidade Federal do Ceará está diretamente ligado com o momento que o mundo está vivendo. Isso porque ela quer realizar o Enem para Medicina. A jovem conta que, apesar das dificuldades, conseguiu ressignificar muita coisa e se preparar para o exame.
Mas essa não é a realidade de todos os estudantes.
Megh Coelho, que também tem 19 anos e mora no Bom Jardim, diz que começou o ano de 2020 animada para os estudos, mas a pandemia mudou completamente os seus planos.
“A preparação online não é a mesma coisa que a gente estar ali no presencial”, diz. Ela lembra que começou o ano participando da Academia Enem, programa da Prefeitura de Fortaleza que oferece preparação gratuita para os jovens da Capital. Em março de 2020, as aulas pararam de acontecer no ginásio Paulo Sarasate e passaram para as plataformas digitais.
“A galera da periferia não tem acessibilidade a notebook, celular, internet, ou outros meios que ajudem a estudar para o Enem”, diz Megh. “E quem tem condições, talvez não tenha psicológico para realizar a prova porque está trabalhando, já que o desemprego vem aumentando”.
Megh conta que, apesar dos esforços, não conseguiu se dedicar aos estudos durante o ano que se passou, tanto por conta do emocional, como porque precisou trabalhar. Além disso, em casa ela não tinha um local adequado para estudar.
“Eu estou indo fazer o Enem no domingo meio às cegas, porque eu realmente cortei os estudos durante a pandemia”, diz.
Mesmo assim, Megh não desistiu de realizar a prova. Isso porque ela sonha em entrar em um dos dois cursos: Gastronomia ou Turismo.
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Persistir e acreditar no próprio potencial é exatamente o que o professor Helio Castelo de Freitas recomenda para os estudantes. “O que eu digo para os alunos é: se nós chegamos até aqui, se sobrevivemos, não tem motivo para desistir”.
Mas ele lembra que, caso o estudante não tenha um bom desempenho nesta edição do Enem, não é motivo de tristeza.
“O candidato tem que fazer a prova, mas ciente de que aquilo não define quem ele é. Pode dizer como ele está naquele momento, mas não define quem ele é. Tudo tem seu tempo. Se não der certo, nesse ano de 2021 já tem outro Enem”.
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