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Economias brasileira e cearense podem ser diretamente afetadas pela posse de Biden

Foto: Divulgação

Na última quarta-feira (20), o mundo assistiu à despedida de Donald Trump e a chegada de Joe Biden ao cargo de presidente dos Estados Unidos. Para além de uma mudança de gestão, esse momento significa, também, uma alteração na política internacional dos EUA. E isso pode impactar a economia cearense e brasileira.

Segundo o economista e colunista do GCMAIS, Igor Lucena, a chegada de Joe Biden é o retorno a uma política internacional norte-americana de acordos multilaterais.

“Por 70 anos, o governo americano procurou criar uma ordem internacional baseada na liderança dos Estados Unidos e uma expansão do sistema democrático de livre mercado e acordos multilaterais”, explica Igor, destacando que foram os norte-americanos que incentivaram acordos como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

“O Trump encerrou esse ciclo. Ele via os negócios internacionais como mercantilismo puro, a geopolítica era secundária. Essa era a base do American First. Mas essa política falhou, tanto que ele perdeu a eleição”, diz o economista.

Logo no primeiro dia como presidente, Joe Biden recolocou os Estados Unidos no Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas e impediu que o País deixasse a Organização Mundial da Saúde. Essas eram algumas das medidas controversas que Donald Trump tomou durante a sua gestão.

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Com o retorno dessas políticas internacionais, os Estados Unidos vão aumentar a demanda por recursos naturais como a soja, o trigo, minério de ferro, aço e o petróleo. Como essas são commodities brasileiras, o País pode se beneficiar economicamente deste investimento. “Do ponto de vista econômico, o Brasil pode ser puxado pelo crescimento da economia internacional”, explica Igor.

Para o economista, ainda é cedo para prever alguma coisa, mas a expectativa é de que as políticas ambientais de Joe Biden, alinhadas com essa demanda de recursos, afetarão as empresas de energias eólica e solar no Ceará. “Nossas empresas que fazem placas solares ou aero geradores vão sentir, ou um concorrência, ou uma maior capacidade de exportação. Ainda é difícil saber o grau de incentivo ou protecionismo do governo Biden”.

Relações internacionais

Igor sugere que o Governo do Ceará tome um nova postura diante desse arranjo geopolítico. Para ele, Estado precisa ter a iniciativa de desenvolver relações internacionais sem depender do Governo Federal. E o economista cita, como exemplo, o que foi feito na gestão de João Doria, governador de São Paulo, que criou um escritório na China para defender os interesses do Estado independente do Governo do Brasil.

“Hoje, tem um escritório do governo de São Paulo na China defendendo os interesses de São Paulo e que conseguiu a única vacina que temos”, diz Igor. “A agência de desenvolvimento econômico do nosso estado não pode ser fixa no Ceará. Ela precisa estar fora do Brasil defendendo os nossos interesses. Isso pode colocar o Ceará no mapa do mundo e colocar os nossos projetos acima dos interesses ideológicos de qualquer governo federal”.

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