O governo de São Paulo enviou, na quarta-feira (28), um ofício pedindo autorização ao Ministério da Saúde para usar todas as vacinas disponíveis da CoronaVac, imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan e pela farmacêutica chinesa Sonivac, na primeira dose – sem reservar metade para a segunda dose, como previsto anteriormente.
Na tarde da quarta-feira (27), o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que o prazo de 28 dias entre as doses poderia ser estendido por até mais 15 dias, sem prejuízos. “No estudo, aconteceram alguns casos que tiveram essa vacinação e não tiveram nenhum problema do ponto de vista da resposta imunológica”, afirmou.
Covas, no entanto, reforçou que o que se discurse no Brasil não é apenas o intervalo entre as doses, mas, sim, a “necessidade de reserva de 50% das doses nesse momento.” “Todos receberam as doses e tiveram a autorização do PNI para aplicar metade do quantitativo e reservar metade para a 2ª dose. A discussão principal é se todos deveriam ser vacinados com 1ª dose, o quantitativo de vacinas aplicados para a 1ª dose”, explicou.
“Para a segunda dose, teríamos um quantitativo adicional e não reservar nesse momento 50% das doses. Isso não seria eticamente justificado. Se temos a vacina na prateleira, temos do outro lado pessoas morrendo. Precisamos usar essas vacinas. É melhor usarmos na sua totalidade e depois 28 dias ou 40 dias, providenciarmos a 2ª dose. Isso é o que seria lógico e eticamente responsável e teríamos condições de atender”, disse o diretor do Butantan.
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O secretário executivo de saúde Eduardo Ribeiro, afirmou, durante a coletiva, que o governo faria uma consulta ao Centro de Contingência da Covid-19 e ao PNI (Programa Nacional de Imunização) sobre a postergação do prazo da 2ª dose.
Na ocasião, os médicos do Centro de Contingência da Covid-19 em São Paulo afirmaram serem favoráveis à possibilidade de aumentar o intervalo entre a 1ª e a 2ª dose da CoronaVac. “O governo de São Paulo é favorável a toda estratégia que permita ampliação da abrangência do público-alvo”, afirmou Ribeiro.
“O que temos é uma diretriz do Programa Nacional de Imunização que recomenda que a vacina CoronaVac seja aplicada em duas doses num intervalo entre 14 e 28 dias e todos os lotes encaminhados para os governadores estaduais, inclusive para São Paulo, vem com uma recomendação expressa que todos os lotes compreendam duas doses”, afirmou o secretário.