Na madrugada desta segunda-feira (1º), caminhoneiros paralisaram estradas nas cidades de Cana Verde, em Minas Gerais, Itatim e Vitória da Conquista, na Bahia, Colinas, no Tocantins, e Votorantim, em São Paulo. Também há registros de bloqueio no Rio Grande do Sul.
O CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas), um dos sindicatos que organizam a greve, divulgou vídeos em que mostra os pontos de paralisação da categoria em locais isolados do país.
Em Salvador, um grupo de caminhoneiros aderiu ao movimento, que teve início nesta madrugada e ainda é pequeno. Por volta das 8h30, a categoria protestava na rodovia estadual BA-526, localizada na região metropolitana da capital baiana. Na região sul do Estado, ainda não há sinais de paralisação.
Mesmo com o movimento ainda tímido, líderes da categoria disseram que muitos colegas participam de casa. De acordo com a ANTB (Associação Nacional de Transportes do Brasil), não se sabe ao certo quantos dos 280 mil caminhoneiros baianos integram a ação.
Porto de Santos
Nesta segunda-feira (1º), representantes dos caminhoneiros se reuniram, em Santos, e decidiram que não haverá greve no porto.
Eles entendem que este não é o momento para um movimento do tipo, visto que, por conta da pandemia, a necessidade de transporte é maior do que as reinvindicações do setor.
A Guarda Portuária monitora a entrada do local, mas a movimentação está tranquila. Para evitar possíveis aglomerações de grevistas, viaturas da guarda portuária estão paradas na avenida que leva aos principais terminais do cais santista, área onde os caminhoneiros costumam se reunir.
O local foi isolado com faixas e cones.
Em 2018, caminhoneiros travaram o porto por vários dias, o que prejudicou o escoamento de produtos brasileiros para o exterior, causando filas quilométricas na entrada da cidade.
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“Fora, Doria”
Também nesta manhã, um grupo de caminhoneiros interrompeu o trânsito em duas faixas da rodovia Castello Branco, na altura de Barueri, região metropolitana da capital paulista. O protesto foi contra o governador João Doria (PSDB), pelos altos preços nos pedágios e pela redução do ICMS.
O grupo não é ligado a nenhuma entidade e a pauta se diferencia da nacional, que pede, entre outras coisas, redução do preço do diesel e aumento do frete para a categoria.
Rodovias federais
Apesar das paralisações em pontos isolados do país, o Ministério da Infraestrutura e a PRF (Polícia Rodoviária Federal) divulgaram comunicado no qual informam que, às 6h desta segunda-feira, todas as rodovias federais, concedidas ou sob gestão do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), encontravam-se com fluxo livre de veículos, não havendo nenhum ponto de retenção total ou parcial.
As medidas tomadas pelo governo federal na tentativa de impedir uma nova greve dos caminhoneiros não agradaram toda a categoria.
Entre outras reivindicações, os caminhoneiros querem redução de cobrança de PIS/Cofins sobre o óleo diesel, o aumento e cumprimento da tabela do piso mínimo do frete, estabelecido em 2018 após a paralisação de 11 dias, modificação da redação do projeto 4199/2020, o BR do Mar, sobre cabotagem, aposentadoria especial para o setor, um marco regulatório do transporte, entre outros pedidos.
Apelo do presidente
Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro fez um apelo na tentativa de impedir a paralisação. “Não façam isso. Todos nós vamos perder. Você vai causar um transtorno na questão da economia, porque estamos vivendo uma época de pandemia”, pediu ele.
Após o início dos rumores, governo aumentou, de 2,34% para 2,51%, os preços mínimos de frete rodoviário, zerou a tarifa de importação de pneus para transporte de cargas e, inclusive, incluiu os caminhoneiros no grupo de prioridades para o recebimento das vacinas contra covid-19.
Neste domingo (31), um áudio de uma conversa entre o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e uma liderança local de caminhoneiros, circulou em grupos de Whatsapp, no qual o ministro afirma não ter possibilidade de atender alguns dos principais pedidos do segmento.
Tarcísio de Freitas confirmou a autenticidade do áudio e disse que a conversa ocorreu no sábado (30), mas disse que se tratava, apenas, de esclarecer o papel do governo em cada demanda, o que é possível fazer e o que não é.
O Ministério da Infraestrutura informa, ainda, que boletins sobre o fluxo de veículos serão atualizados periodicamente e “estão baseados em informações do centro de controle da Polícia Rodoviária Federal”.