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Britânico atropelado em março de 2020 acorda após coma e não sabe da pandemia

Britânico atropelado em março de 2020 acorda após coma e não sabe da pandemia

Britânico atropelado em março de 2020 acorda após coma e não sabe da pandemia (Foto: Sally Flavill Smith/Arquivo pessoal)

Em 1º de março de 2020, o britânico Joseph Flavill, então com 18 anos, foi atropelado na cidade onde mora, Staffordshire, no interior da Inglaterra. Após sofrer uma lesão cerebral, ele passou os últimos 10 meses em coma, sem ter a menor noção de que, ao redor dele e em todo o mundo, a pandemia do novo coronavírus mudou tudo.

Nesse período, o britânico chegou inclusive a contrair covid-19 duas vezes, mas se recuperou. Nas últimas semanas, ele vem gradualmente recobrando a consciência e conseguindo se comunicar com familiares que nem mesmo conseguem visitá-lo no hospital. Praticamente todo o contato tem sido por chamadas de vídeo.

No dia em que Flavill entrou em coma, o Reino Unido registrava apenas 23 casos de contaminação pelo coronavírus e nenhuma morte. Hoje, é o quarto país com maior número de infectados (mais de 3,88 milhões) e o quinto em número de mortes (cerca de 109 mil).

“Quando ele realmente se recuperar, a vida não vai ser a que ele conhecia. Acho que vai ser um choque para ele. Ainda estamos lidando com isso tudo. Não sei como você pode descrever para alguém como tem sido essa pandemia”, disse a tia do britânico, Kate Yarbo, em entrevista à imprensa local.

Visitas sem contato

Sharon Flavill, a mãe de Joseph, foi a única pessoa que pôde visitá-lo no hospital. Mesmo assim, apenas à distância e usando roupa protetora dos pés à cabeça. Ela aguarda permissão dos médicos para poder segurar a mão do filho, algo que não fez durante todos esses meses.

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A tia contou que estava em uma chamada de vídeo com Joseph há cerca de uma semana, quando notou que ele estava recobrando a consciência. “Estava brincando com ele, falando que ele ia conseguir falar de novo um dia e relembrando nossas férias na Cornualha. quando eu disse ‘você promete que sua primeira palavra vai ser pasty (um tipo de pastel local)?’ E então ele piscou”, contou ela.

“Aquilo me deu uma ideia e perguntei se ele piscou de propósito, e ele piscou duas vezes. Foi quando soubemos que ele estava se comunicando. Esse período todo foi muito difícil para ele, teve convulsões e muita dor, uma jornada muito traumática”, ressaltou a tia.

Segundo ela, na última semana, pouco a pouco Joseph tem recuperado parte dos movimentos e ri quando escuta alguma piada. No entanto, eles ainda estão estudando a melhor maneira de contar a ele sobre tudo o que aconteceu no mundo e no Reino Unido desde março do ano passado, além de explicar porque ele não recebe visitas e as enfermeiras usam equipamento de proteção.

“Deve ser assustador ver todo mundo de máscara e roupa de proteção e não saber o que está acontecendo”, analisou Kate. “Para ele entender o que aconteceu, vai depender da nossa habilidade de descrever e mostrar as notícias, todo esse horror que vem acontecendo. Tantas pessoas disseram que tudo isso parece um filme. Acho que no fim vai ser assim para Joseph, como ver um filme, e acho que ele não vai precisar passar pelo mesmo medo que nós”.

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