Embora não figurem entre os grupos de risco, cresce o número de casos confirmados de coronavírus entre crianças no Ceará. Segundo o Integrasus, a taxa de ocupação das enfermarias infantis é estimada em 56,28%, enquanto as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), destinadas aos casos mais graves, têm ocupação estimada em 67,65%.
“As crianças pegam coronavírus desde o começo da pandemia, embora sejam casos mais leves. Percebemos que os casos entre esse grupo têm sido maiores nessa segunda onda, maior que na primeira”, comenta o médico pediatra Fabrício César Aderaldo Menezes, diretor técnico do Hospital Infantil Filantrópico Sopai, em Fortaleza.
A unidade, referência no atendimento infantil, apresenta crescimento nos leitos de enfermaria desde outubro. Nos últimos dois meses, a proporção de positividade subiu consideravelmente. Em dezembro, o aumento foi de 18%. Em janeiro, ficou em 35% até o dia 28 do mês. “Para mim, claramente houve uma piora. Tá diferente para pior. É a situação que temos”, lamenta o especialista.
Com o retorno às aulas presenciais, o médico orienta que os responsáveis devem cuidar com as crianças para redobrar os cuidados com a saúde nas ruas e na escola. “Os pais devem investir em educação, higienização, uso de máscara, tomar banho assim que chegar em casa. E mais que isso, conscientizar os adultos sobre o exemplo que eles devem dar para as crianças”, diz.
O Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS), referência no atendimento infantil de crianças com coronavírus, mantém 20 leitos de UTI exclusivos para pacientes com a doença. Destes, 15 estão ocupados, o que equivale a uma taxa de 75%.
Embora não exista confirmação da nova cepa do vírus no Ceará, os pais devem ficar atentos por não existirem tantas informações sobre o impacto da doença neste grupo. “A gente ainda não confirmou se existe essa tendência [de casos mais graves entre crianças] com a nova cepa”, diz o médico especialista.
Desde março do ano passado, quando a pandemia começou no Ceará, 23.836 casos foram registrados entre crianças de zero a 14 anos. Somente na faixa etária de zero a quatro anos, foram 8.602 diagnósticos positivos. “Quanto mais nova for a criança, mais difícil é cobrar distanciamento social, uso de máscaras. Essa cobrança tem que ser diária, tem que ser assim. Os pais devem cobrar os protocolos às escolas, devem redobrar os cuidados em casa”.