Na manhã desta quinta-feira (4), manifestantes ligados ao setor de bares e restaurantes reivindicam, em frente à Assembleia Legislativa do Ceará (Alce), a revisão do novo decreto que reduz o horário de funcionamento dos serviços não essenciais durante a semana e aos fins de semana, em Fortaleza. Profissionais do entretenimento também participam do protesto.
Os dois sentidos da avenida Pontes Vieira, no entorno da Alce, foram fechados pela manifestação, que foi organizada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel-CE). Os participantes esperam ser ouvidos pelos deputados estaduais.
Segundo manifestantes, mais de 40 mil famílias foram prejudicadas com as restrições de funcionamento anunciadas na última terça-feira (2). No entanto, eles afirmam que reconhecem o agravamento da doença, mas as novas medidas são muito radicais. Eles ainda ressaltam que a maioria das festas com aglomerações não estão sendo realizadas nos restaurantes e bares de Fortaleza.
Em carta aberta ao Governo do Estado do Ceará, os bares pedem a volta do funcionamento até a meia-noite.
Em tempo
Uma comissão está dentro da Assembleia Legislativa do Ceará, sendo ouvida por alguns deputados.
Entenda o que diz o decreto:
Segundo o decreto estadual 33.918, publicado nesta terça-feira (2), serviços não essenciais em Fortaleza estão com horários mais restritos. Entre as 20h e as 6h da manhã, comércio, indústria e diversos serviços estão proibidos de funcionar. Durante esse período, as atividades poderão ser realizadas apenas em delivery.
– Entre as 20h até as 6h do dia seguinte, de segunda a domingo, fica suspenso o funcionamento do comércio, da indústria e de serviços não essenciais.
– Nos sábados e domingos, estabelecimentos que trabalham com alimentação só podem realizar atendimento presencial até as 15h. Isso é válido para restaurantes, praças de alimentação, barracas de praia e restaurantes de shopping centers.
– Os serviços de delivery, inclusive por aplicativos, continuam permitidos em qualquer horário.
– Serviços essenciais podem continuar funcionando em qualquer horário. São eles:
- serviços públicos essenciais
- supermercados
- postos de combustível
- farmácias
- hospitais e demais unidades de saúde e de serviços odontológicos de emergência
- laboratórios de análises clínicas
- segurança privada
- imprensa, meios de comunicação e telecomunicação em geral
- funerárias
Lojistas não descartam demissões
“O impacto no varejo vai ser muito grande”, garante Assis Cavalcante, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL), sobre o novo decreto sanitário que limita o funcionamento de setores do comércio em razão do crescimento de casos da Covid-19.
De acordo com Cavalcante, é momento de agir com responsabilidade. “Vamos ter que fazer uma apuração e saber se é o momento certo de fazer desligamentos ou não. Certamente temos que fazer a nossa parte, segurar o máximo que a gente puder, mas temos os nossos limites. As vendas estão caindo, as vendas não estão correspondendo”, lamenta.
Assis Cavalcante faz parte do comitê estadual que delibera sobre as medidas sanitárias adotadas pelo Governo do Ceará. O presidente da CDL Fortaleza reconhece o momento crítico em que o Estado se encontra, mas pretende discutir a flexibilização para o funcionamento. “Estamos tentando negociar com o Governo para abrir os shoppings às nove da manhã”, adianta.
O anúncio sobre a restrição do funcionamento de serviços não essenciais foi feito ontem, pelo governador Camilo Santana. Na ocasião, o líder do Executivo reforçou a preocupação com a economia e reduzir as mortes e casos graves da doença. “A pandemia não acabou, e nós só podemos sair disso juntos, se todos colaborarem. Precisamos evitar as festas, as aglomerações, que as pessoas sigam as orientações sanitárias, principalmente quanto ao uso da máscara, para que a gente possa ter tempo de vacinar a população e salvar vidas”, ressaltou.
Lockdown no Carnaval está descartado
O Ceará não deve adotar o isolamento social rígido durante o período de Carnaval, mas as barreiras sanitárias não estão descartadas, segundo avaliação da secretária-executiva de Vigilância e Regulação da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), Magda Almeida.
De acordo com a secretária, a suspensão do feriado, proibição de festas e instalação de barreiras sanitárias já são adotadas pelos municípios e devem contribuir para a menor circulação de pessoas. Assim, o lockdown não é considerado uma medida efetiva neste momento”.
Segundo Magda, “é interessante que, nesse momento, as prefeituras realizem barreiras sanitárias para que pessoas contaminadas não entrem nos municípios”, orienta.