SAÚDE

Brasil comprará vacina russa após aprovação, diz ministério

Intenção inicial, formalizada em reunião com laboratório hoje, é adquirir primeiro lote com 10 milhões de doses da Sputnik V

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5 de fevereiro de 2021
Ninho Digital

O governo brasileiro vai comprar 10 milhões de doses da vacina russa contra covid-19 Sputnik V, desde que seja aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), informou nesta sexta-feira (5) o Ministério da Saúde.

Brasil comprará vacina russa após aprovação, diz ministério
Segundo os técnicos da Anvisa, a vacina não apresentou a análise de segurança da vacina por faixa etária, por comorbidades e para soropositivos para o SARS-CoV-2. Foto: Sputnik V / Divulgação

A decisão foi anunciada pelo secretário-executivo da pasta, Élcio Franco, a representantes da farmacêutica União Química, detentora dos direitos comerciais da vacina no Brasil, durante uma reunião nesta amanhã.

“Iremos contratar e comprar as 10 milhões de doses se o preço for plausível, e efetuaremos o pagamento após a Anvisa dar a autorização para uso emergencial da Sputnik V, fazendo a disponibilização imediatamente aos brasileiros. E futuramente, a depender dos entendimentos que tivermos com a União Química, interessa-nos também adquirir a produção que a empresa vier a fazer no Brasil dessa vacina”, afirmou Franco por meio de comunicado divulgado pelo ministério após o encontro.

A Rússia divulga a Sputnik V como uma das mais baratas do mercado, cujo preço é inferior a US$ 10 (R$ 53) por dose — são necessárias duas doses por pessoa.

Uma mudança dos critérios da Anvisa para concessão de autorização de uso emergencial de vacinas contra covid-19 facilita o processo para a Sputnik V.

Antes, a agência exigia que testes de fase 3 do imunizante candidato estivessem em andamento no Brasil, o que foi flexibilizado.

Os autores do artigo, que são cientistas independentes, afirmam que, embora a Sputnik V tenha sido alvo de críticas por ter sido registrada antes mesmo do início da fase 3, ela se mostrou uma vacina segura e eficaz para o enfrentamento da pandemia.

A vacina

Feita a partir de uma tecnologia relativamente nova, que utiliza adenovírus (vírus causadores de resfriado comum), a vacina leva o nome do primeiro satélite soviético, enviado ao espaço em 1957 — o “V” é de vacina.

A primeira e a segunda dose utilizam adenovírus diferentes, algo exclusivo do Instituto Gamaleya. Por meio de engenharia genética, são removidos os genes de reprodução viral dos adenovírus, ou seja, ele não vai causar resfriado, será utilizado apenas como “meio de transporte”.

Dentro destes adenovírus são colocados genes codificando a proteína S do coronavírus (SARS-CoV-2). Estas proteínas são as que ficam na coroa do vírus causador da covid-19 e se ligam aos receptores no corpo humano.
Uma vez inoculado, o adenovírus com o gene do coronavírus induz uma resposta imunológica no corpo humano.
Após 21 dias, ocorre a segunda vacinação, com outro tipo de adenovírus, mas o mesmo material genético do SARS-CoV-2. Então, segundo os dados russos, ocorre uma imunidade ainda mais forte e duradoura.

A Sputnik V se tornou o carro-chefe da propaganda externa do governo da Rússia. Desenvolvida pelo Instituto Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, ligado ao governo, e financiada pelo RDIF (Fundo Russo de Investimento Direto), o fundo soberano do país, ela é apresentada como “a primeira vacina de covid-19 registrada”.

No fim do ano passado, a Argentina aprovou o uso emergencial da vacina russa, dando início à campanha de imunização em 29 de dezembro.

A União Química continua as tratativas com os técnicos do órgão regulador para apresentar o pedido de uso emergencial. Uma vez protocolado o requerimento, a Anvisa tem o prazo de 30 dias para dar um parecer final.

Nesta semana, a revista científica The Lancet publicou conclusões preliminares da fase 3 de estudos clínicos da Sputnik V, realizados na Rússia, que comprovam a eficácia de 91,6%.

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