A empatia se baseia na compreensão dos estados emocionais uns dos outros. A não validação dos afetos e sentimentos pode despertar gatilhos que refletem no comportamento e no corpo das vítimas de abusos psicológicos. Fragilizadas, essas pessoas não conseguem se desvencilhar das situações.

De acordo com Thiago Macedo, médico psiquiatra, os ambientes e as relações tóxicas são marcados pela angústia. “O que se percebe é um sofrimento psíquico em estar nesse ambiente. O indivíduo se sente acuado, mais constrangido, em relação aos seus posicionamentos e expressões de pensamento. Isso é um sinal para você perceber que vive algum tipo de relação tóxica”, explica.

Nas últimas horas, o ator Lucas Penteado ficou entre os assuntos mais comentados das redes sociais, após desistir de participar de um reality show. A desistência aconteceu duas semanas após a estreia do programa. Durante a passagem pela atração, o artista sofreu vários episódios de tortura psicológica, semelhante a Raíssa Barbosa, ex-participante de “A Fazenda 12”. Diagnosticada com Síndrome de Borderline, a ex-peoa teve várias crises no reality rural. Nos dois casos, a conduta dos participantes foi questionada pelos colegas de confinamento.

Para Macedo, em muitas situações, o agressor passou por situações semelhantes no passado e ao se sentir em uma posição de poder, passa a oprimir. “Se a gente observar o comportamento de algumas pessoas desses programas, notamos que são pessoas que tiveram algum tipo de contato com ambientes tóxicos e perpetuam esse comportamento de não validar as emoções alheias”, explica.

O psiquiatra faz um alerta: “Ser educado dentro de um ambiente tóxico é um fator de risco até mesmo para o suicídio, por ser um ambiente em que não existe comunicação aberta [para falar sobre os abusos]. Pode até existir uma comunicação, mas não é assertiva, é uma comunicação violenta. Esse processo de angústia, que é o grande sinal, faz com que esse indivíduo não tenha repertório para formular esse sentimento, essas sensações. E acaba sendo um fator de risco para comportamentos autodestrutivos, como lesões e até suicídio”.

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Raissa Barbosa, em uma das votações de “A Fazenda”, foi indicada à roça. Em crise pela indicação, a modelo socou travesseiros e jogou água em outros participantes. Em seguida, mais calma, conversou com Jojo Todynho. “Parece que estou fora do meu corpo”, desabafou. Em entrevista ao GCMAIS, a ex-peoa afirmou que a síndrome provoca um certo descontrole. “Sou uma pessoa normal como qualquer outra pessoa, tenho minhas limitações por conta dos meus sentimentos serem muito intensos. Eu me sentia encurralada na casa, mas aqui fora é muito mais tranquilo”, disse.

O corpo sente

Além dos descontroles emocionais, os sintomas provocados por relações tóxicas também se refletem no corpo, segundo o psiquiatra Thiago Macedo. “O coração fica acelerado, as mãos ficam frias e suadas, além de uma sensação de desconforto respiratório”, detalha.

Ainda, segundo o especialista, as relações tóxicas estão presentes em diversos espaços. Desde o familiar, até o local de trabalho. “Quando falamos de abuso, imaginamos uma coisa bem maior, algo mais agressivo, tons mais ríspidos e muitas vezes esses abusos psicológicos estão também no desdém, de não validação das emoções e sentimentos. O outro precisa ser escutado. Esse silenciamento é uma característica desses ambientes tóxicos”, garante.

Embora possa reconhecer a situação em que se encontra, a vítima pode encontrar dificuldades para conseguir sair do ambiente tóxico. “São estruturas de personalidades que se casam, digamos assim. A personalidade do opressor tem uma estrutura de ganho, já o oprimido tem uma estrutura de dependência, que busca agradar, a validação do outro, que nunca vai chegar. E se faz novamente o ciclo”, finaliza.

Preparamos uma lista de questões para te ajudar a identificar se você está em uma relação tóxica. Se responder “sim” em pelo menos uma das perguntas, procure ajuda. 

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