Os quatro maiores bancos do país fecharam juntos 1.692 agências bancárias e postos de atendimento em 2020, segundo balanços a investidores publicados neste início de ano pelo Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil. A Caixa, que completa a lista dos cinco grandes bancos do país, ainda não divulgou seus resultados finais do ano passado.
O fechamento de agências e postos atingiu 8,8% dos espaços que os bancos disponibilizavam no final de 2019. O número caiu de 19.052 para 17.360 e confirma uma tendência já verificada em outros anos e que foi intensificada com a pandemia de covid-19: a de redução de espaços físicos e a tentativa de substituir quase todos os procedimentos feitos presencialmente pelo uso dos canais digitais.
As instituições aproveitam o cenário de restrições de funcionamento, que forçou a população a se adequar mais rapidamente ao novo modelo, e o lançamento de novos serviços como o Pix.
A tendência contra o atendimento presencial é reforçada ainda por outros números presentes nos balanços. Os quatro bancos juntos eliminaram 4.954 caixas eletrônicos de suas redes próprias, sem considerar os caixas 24 horas. O número representa queda de 4,7% em relação aos 104,5 mil equipamentos que operavam em 2019.
Há também redução no número de funcionários. Em dezembro, os bancos tinham juntos 10.832 menos empregados do que no ano anterior, queda de 3,2% do total de 333.387. Por outro lado, aumentam os investimentos e iniciativas que envolvem os canais digitais dos bancos e novas tecnologias. Veja alguns números por banco.
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Bradesco
O banco foi o que mais fechou agências: 1.083 de um total de 4.478. O número não considera PABs (Posto de Atendimento Bancário), que são pequenas agências dentro de empresas e que não são descriminadas de forma isolada no balanço do banco. O Bradesco cortou ainda 3.206 caixas eletrônicos próprios e diminuiu em 7.754 o quadro de mais de 97 mil funcionários de 2019.
Ao mesmo tempo, o banco teve incremento de 23% de usuários que acessam as contas pelo celular, aumentando as transações no aparelho em 22%. Por outro lado, despencaram nos guichês no ano em que os bancos funcionaram quase que integralmente com horário e público reduzidos.
“Esse movimento permitiu que intensificássemos a racionalização da nossa rede”, afirmou o presidente executivo do banco, Octavio de Lazari Jr, na divulgação dos resultados do quatro trimestre de 2020. Ele afirma que o banco continuará “aproveitando as oportunidades geradas pela mudança de comportamento dos clientes”. A estimativa para 2021 é fechar outras 450 agências.
Itaú Unibanco
O Itaú Unibanco fechou 167 agências e PABs em 2020, a maioria no Brasil, e operava em dezembro com 4.337 unidades de atendimento. Foram eliminados 733 de 22.491 caixas eletrônicos que o banco tinha. Já o número de funcionários registrou um leve aumento de acordo com o balanço oficial do fim do ano passado, diferentemente dos outros grandes bancos. Eram 96,5 mil colaboradores, contra 94,9 mil um ano antes.
O banco também aponta aumento de uso de seus canais digitais. Pagamentos nessa modalidade representaram 85% do total em 2020, mais que os 76% registrados em 2018, segundo o balanço divulgado pelo banco.
Santander
O Santander fechou 2020 com 3.564 agências e PABs, redução de 7,2% em relação ao ano anterior. Também cortou 347 caixas eletrônicos, 2,6% do total. Já o número de funcionários ficou em 44.599 após a redução do quadro em 3.220 postos – 6,7%.
O banco aponta como um dos destaques de seu resultado do ano passado o crescimento do número de clientes digitais em 16%.
Banco do Brasil
O Banco do Brasil mostrou em balanço divulgado neste mês que fechou 166 das mais de 6 mil agências e postos em 2020. Foram cortados 668 caixas eletrônicos e 1.517 funcionários – 1,62% do total. Já em 2021, porém, esse número será maior. O banco informou que 5.533 funcionários aderiram a um programa de desligamento voluntário.
O banco afirmou também em seus balanços que o número de clientes digitais cresceu para 21,2 milhões em 2020, e que transações realizadas pelos canais de internet e mobile representaram 86,5% das movimentações no ano. O banco afirma que investirá R$ 2,3 bilhões nos próximos três anos em novas tecnologias.
Cenário de demissões
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) avalia que não é possível afirmar até o momento que haja relação direta entre o processo de transformação digital dos bancos e a redução do número de pessoas que atuam no setor.
“O avanço dos serviços digitais nas instituições financeiras tem levado os bancos a contratarem um grande volume de profissionais, especialmente em áreas como TI e segurança contra fraudes digitais”, por exemplo. “Cada instituição financeira tem sua própria política para contratação de pessoas com base em sua visão de mercado e estratégia de negócio”.
Segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, um dos mais representativos do país no setor, todos os bancos estão demitindo, descumprindo compromisso de não desligar funcionários da pandemia.
O sindicato ressalta ainda que o faturamento e a base de clientes de bancos vem crescendo ao mesmo tempo em que as demissões acontecem.
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