O sistema de saúde de Fortaleza pode viver um dos seus piores quadros já no próximo mês. Segundo uma pesquisa realizada pela Fiocruz, a Capital vem passando por momentos difíceis por conta das aglomerações registradas no final de 2020 e no início de 2021. Em março, a situação pode ficar ainda pior por conta das festas ilegais realizadas durante o período do Carnaval.
A pesquisa analisou o índice de isolamento social em Fortaleza, e comparou com o de Manaus, para entender como esse dado impactou no controle da pandemia de covid-19 em cada um dos municípios. As capitais começaram as regras de distanciamento social no mesmo período e deram início à reabertura do comércio também em datas próximas.
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Mas então, porque Manaus entrou em uma situação crítica antes de Fortaleza? A resposta está na forma como as pessoas das duas cidades reagiram no momento da reabertura. Quem manteve o distanciamento, conseguiu adiar a crise.
“Enquanto Fortaleza teve 30% de isolamento social, Manaus ficou muito abaixo desse índice já em setembro”, explica Odorico Monteiro, pesquisador da Fiocruz. “Isso causou um pico da doença em dezembro, resultando no colapso do sistema de saúde do Amazonas”, completou.
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A capital do Ceará, porém, pode até ter conseguido manter o distanciamento no primeiro momento, mas já vive uma situação completamente diferente. Durante o final do ano de 2021, Fortaleza registrou diversas aglomerações, o que pode ter desencadeado o atual quadro da pandemia.
“Fortaleza vinha mantendo 30% de permanência domiciliar até dezembro. A partir de dezembro esse índice caiu e [as pessoas] começaram a se aglomerar. Ou seja, as aglomerações de Manaus, a partir de setembro, repercutiram fortemente em janeiro. E o que nós estamos vendo no Brasil é que, como o País todo passou a se aglomerar a partir de dezembro, nas festas de final de ano, a conta está vindo agora”, explica o pesquisador.
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Diante dessas conclusões, Odorico Monteiro afirma que, apesar de já estarmos em uma situação bem complicada, quando se fala no controle da pandemia, Fortaleza pode estar perto de viver um quadro ainda pior.
“Com o Carnaval, mesmo com todo o rigor, ainda tivemos uma série de aglomerações. A gente pode continuar pagando esse preço lá na frente. Então, agora em março, é possível que a gente tenha uma situação crítica”, conclui Odorico Monteiro.