Incertezas na Petrobras, negociações de ajuste fiscal e a retomada do auxílio emergencial. Com tanto impasse na economia brasileira, o dólar encerrou fevereiro com alta de 2,39%. A discussão, embora pareça técnica, pode impactar em ações simples do cotidiano cearense, como tomar um cafezinho em uma das bancas da Praça do Ferreira, no Centro de Fortaleza ou até mesmo na hora de escolher a massa de trigo para fazer a bruaca, bolinho de trigo tão típico do nosso cotidiano.
“O dólar é preponderante por um motivo simples: grandes partes das nossas commodities, bens anunciados em bolsas de valores ou no mercado mundial, são cotados na moeda norte-americana”, explica o economista Igor Lucena, colunista do GCMAIS. O especialista cita exemplos como o minério de ferro, trigo e até o café. “A partir do momento em que o dólar aumenta em cinco, dez centavos, você enxerga na prática, o aumento dos insumos dos fornecedores. Se a farinha de trigo ficar mais cara, o padeiro vai passar o custo desse aumento do dólar para o consumidor final”, detalha.
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De acordo com a pesquisa Procon Fortaleza mais recente, divulgada no começo de fevereiro, o preço do quilograma de pão francês apresentou variação de 21,89% e foi encontrado em padarias e supermercados por até R$ 14,99. Já o café, outro exemplo citado por Lucena, teve variação de 23,86% no período. Os preços variam entre R$ 4,19 e R$ 5,19.
“O que temos que entender é que o dólar está no componente mais simples, como um radinho de pilha, até a construção de prédios e pontes. De uma certa maneira, o que quero dizer é que quando o dólar fica mais caro, o poder de compra da população cai. Então, todos nós ficamos mais pobres quanto maior fica a cotação do dólar. Com exceção, claro, daquelas pessoas que são exportadoras e recebem sua cotação em dólar”, explica Igor Lucena.
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No domingo (28), motoristas de aplicativo fizeram uma manifestação nas ruas de Fortaleza. Entre a demanda, está a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos combustíveis. Para o economista, o custo do petróleo é mais complexo e um dos fatores que ocasiona a alta é o impacto do dólar. “Isso faz com que o custo de locomoção se torne mais caro”, afirma.
Entretanto, a titular da Secretaria da Fazenda do Ceará (Sefaz), Fernanda Pacobahyba, garante que a discussão sobre o combustível precisa ser mais ampla e contextualizada com uma reforma tributária. “A tributação do ICMS sobre o diesel é a mesma no Estado do Ceará desde 1998. Então há 23 anos que a alíquota é a mesma. No tocante à gasolina, praticamos a mesma política há cinco anos”, detalha a secretária, em entrevista ao Grupo Cidade de Comunicação.