José Correia Filho (Solidariedade), vereador do município de Pedra Branca, 261 km de Fortaleza, foi denunciado por participação em um esquema de “rachadinha”, que consiste no recebimento indevido de parte ou todo salário de um servidor para fins pessoais. O caso foi citado por um colega do parlamentar e por um morador da cidade.
Conforme a denúncia encaminhada ao Ministério Público, o nome de comerciantes, ambulantes, agricultores e mototaxistas de Pedra Branca consta na folha de pagamento, mas não atuam na Câmara Municipal. Além disso, existem servidores que recebem salários de até R$ 5 mil e são obrigados a dividir o dinheiro com cinco pessoas.
“Muitas dessas pessoas, em verdade, até desempenham alguma atividade no Município, porém receber um valor muito elevado, já ciente de que deverão promover o repasse de parte destes valores para que o gestor ou mesmo o político da cidade possa promover a gestão da quantia destinada ao servidor público”, diz trecho do documento, obtido pelo Grupo Cidade de Comunicação (GCC).
As denúncias, segundo o documento, são baseadas em conversas em redes sociais e aplicativos. Em uma das mensagens, uma jovem relata ter dificuldade para encontrar o vereador e receber a quantia. O recebimento do dinheiro, inclusive, teria causado o cancelamento do “Bolsa Família” da mãe.
“Ele me disse que esse dinheiro era dividido para mim, pra Cida, para uma tal de Duda, pra não sei mais quem”, diz uma das mensagens anexadas no documento. “Esse dinheiro aí dava pra eu comprar um celular”, completa a suposta participante do esquema, que cita valores entre R$ 300 e R$ 500.
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A denúncia sobre o esquema de “rachadinha” foi parar no plenário da Câmara Municipal de Pedra Branca. Sem citar o colega, o vereador Juscelino Calíope de Arimateia (Solidariedade), falou sobre o caso. O parlamentar disse ter sido procurado por uma mulher, mãe de uma funcionária, que acusou José Correia Filho de desviar o salário da filha para beneficiar a sua base eleitoral.
“Um vereador desse é ladrão, bandido. Tirar o dinheiro de uma senhora que passou a vida inteira formando a filha para ter que dividir [o salário] com vereador. Eu quero que a senhora tenha coragem e me procure novamente. Eu tenho coragem de ir no fórum com a senhora e eu não tenho medo de gogó grande. E não tenho medo de pistola também. Agora, repito: esse vereador é bandido, ladrão, que rouba dinheiro de uma jovem que a mãe passou a vida inteira pelejando para formar [a filha]”, disse Calíope, que evitou falar sobre o assunto novamente, por medo de cometer crime de prevaricação, que é quando um funcionário ou representante público faz algo para benefício próprio.
Em nota, o Ministério Público do Ceará confirmou a existência de uma denúncia sobre o suposto esquema de rachadinha. “Checamos a informação e obtivemos da promotora de Justiça respondendo pela comarca de Pedra Branca que há um procedimento sobre tal denúncia de suposta prática ilícita de “rachadinha”, cuja investigação tramita sob sigilo e que, portanto, o Ministério Público não pode se pronunciar neste momento. Em breve, será anunciada uma nota sobre este assunto”, afirmou.
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Por telefone, o vereador José Filho disse que ainda não foi notificado pelo Ministério Público, nem procurado formalmente por qualquer outro parlamentar. O denunciado comentou que ainda questionou Calíope sobre o nome do suposto acusado. Por fim, garantiu ser vítima de perseguição política e que está à disposição da Justiça para falar sobre o caso.