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Violência psicológica contra a mulher cresce na pandemia e pode trazer sérios danos à saúde mental

Violência contra a mulher é problema de todos

Foto: Divulgação

A violência psicológica que tem acometido cada vez mais mulheres, agravados neste período de pandemia. Conforme a Lei Maria da Penha, a violência psicológica é entendida “como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações”.

De acordo com a psicóloga Marina Braga Teófilo, há um termo específico para este tipo de abuso:”gaslighting”. Apesar de não ter uma tradução específica para o português, essa expressão é usada para denominar um comportamento de distorcer, omitir, manipular fatos ou alguma situação no sentido de colocar a vítima, no caso a mulher, numa posição de dúvida, se questionando a percepção de realidade, a memória e a sanidade”.

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Segundo dados do Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (Nudem) da Defensoria Pública-Geral, 98,09% das mulheres atendidas e avaliadas por uma pesquisa dizem estar passando ou já ter vivido alguma situação de violência psicológica. Os dados são de janeiro a dezembro de 2019. Segundo o Nudem, 97,27% das mulheres que são vítimas de violência psicológica permanecem neste ciclo por um período entre 5 e 10 anos. “É importante ficar atenta se há uma diminuição da autoestima, prejuízo para que o seu desenvolvimento aconteça de uma forma natural, se você se encontra numa situação de bastante controle sobre o que você faz, sobre os seus comportamentos, crenças e decisões”, explica a especialista.

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Sobre os agressores, de acordo com o Nudem, eles são em maioria (47%) ex-companheiros e em 38% dos casos são os atuais cônjuges que possuem histórico de vítimas de agressão na infância.

Ciclo da violência psicológica

Aumento da tensão (fase 1)

O agressor mostra-se tenso e irritado por coisas insignificantes, chegando a ter acessos de raiva. Humilha a vítima, faz ameaças e destrói objetos. A mulher tenta acalmar o agressor, fica aflita e evita qualquer conduta que possa “provocá-lo”. As sensações são: tristeza, angústia, ansiedade, medo e desilusão são apenas algumas. A vítima tende a negar que isso está acontecendo com ela e pode durar dias ou anos, mas como ela aumenta cada vez mais, é muito provável que a situação levará à Fase 2.

Ato de violência (fase 2)

Toda a tensão acumulada na Fase 1 se materializa em violência verbal, física, psicológica, moral ou patrimonial. O sentimento da mulher é de paralisia e impossibilidade de reação. Consequências: insônia, perda de peso, fadiga constante, ansiedade, medo, ódio, solidão, pena de si mesma, vergonha, confusão e dor.

Arrependimento e comportamento carinhoso (fase 3)

Conhecida como “lua de mel”, se caracteriza pelo arrependimento do agressor, que se torna amável para conseguir a reconciliação. A mulher se sente confusa e pressionada a manter o seu relacionamento. Um misto de medo, confusão, culpa e ilusão fazem parte dos sentimentos da mulher. Por fim, a tensão volta e, com ela, as agressões da Fase 1.

De acordo com a psicóloga, o ciclo da violência psicológica deve ser identificado o quanto antes, com a ajuda de um profissional para que a mulher possa trabalhar essa luta interior dentro de si. “É comum perceber que essa pessoa, nem sempre, está apta para tomar alguma atitude contra o agressor. “Quem sofre esse tipo de violência tem medo, se sente insegura pelas possíveis consequências dessa busca de ajuda. Por isso, não conseguem buscar ajuda naquele momento, nem depois.”, diz Marina Teófilo.

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Tipo de Violência Psicológica em mulheres

– ameaças

– constrangimento

– humilhação

– isolamento (proibir de estudar e viajar ou de falar com amigos e parentes)

– vigilância constante

– perseguição contumaz

– insultos

– limitação do direito de ir e vir

– ridicularização

– distorcer e omitir fatos para deixar a mulher em dúvida sobre a sua memória e sanidade (gaslighting)

Defensoria

Em Fortaleza, é possível contar com a ajuda do Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, da Defensoria Pública do Ceará. Os telefones para contato são (85) 9 8650-4003 / (85) 3108-2986 / (85) 9 9856-6820, com atendimento das 8h às 17h. O serviço também conta com atendimento psicossocial, através dos números (85)  9 8560-2709 / (85) 9 8948-9876 .

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