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Variantes podem ter surgido em pessoas infectadas por muitos dias

Variantes podem ter surgido em pessoas infectadas por muitos dias

Paciente infectados muito tempo podem ter virado hospedeiro de variantes

Qualquer vírus sofre mutações espontaneamente, alguns são rápidos e outros, mais lentos. No SARS-CoV-2, as variações acontecem a cada duas semanas e os pesquisadores tentam descobrir onde e como elas acontecem mais facilmente. A principal hipótese é que as novas cepas da covid-19 surgiram a partir de pessoas que ficaram infectadas por muitos dias e com problemas de saúde que afetam o sistema imunológico.

O biólogo e virologista do Instituto de Medicina Tropical, da Faculdade de Medicina da USP (IMT/FMUSP), José Eduardo Levi explica a possibilidade do aparecimento de mutações. “Uma das hipóteses mais prováveis para o surgimento de variantes, não a brasileira necessariamente, é que as novas cepas surgiram em pessoas que ficaram muito tempo infectadas”, afirma.

O vírus teve tempo para se adaptar e evoluir dentro do corpo do paciente antes de ser transmitido a outras pessoas. Segundo Levi, isso acontece normalmente em pessoas com sistema imunológico afetado.

“As pessoas que não conseguiram eliminar o vírus são os imunodeficientes. Existe a hipótese forte de que os imunossuprimidos em geral, como os transplantados ou com outras doenças, fiquem com o vírus mais tempo no corpo, aumentando a chance de acontecerem as mutações”, explica o biólogo.

De acordo com matéria publicada na última segunda-feira (15) no jornal norte-americano New York Times, a explicação mais provável para o surgimento da variante no Reino Unido é exatamente essa. Já que ela surgiu quando as taxas de transmissão não estavam tão altas.

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Uma solução poderia ser vacinar pessoas com problemas no sistema imunológico. A médica Monica Levi, presidente da Comissão de Revisão de Calendários Vacinais da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) lembra que essa hipótese ainda precisa ser comprovada, mas é favorável à vacinação. “A hipótese do aparecimento das variantes ainda precisa ser comprovada. O que temos é que os imunodeficientes têm mais riscos de pegar a forma grave de qualquer doença. Vacinas contra a covid são seguras, já que esses pacientes não podem receber imunizantes com vírus ativos e todos os que são aplicados no mundo contra o SARS-CoV-2 não são com vírus vivo”, explica Monica.

No Brasil, os imunodepressivos fazem parte do grupo de prioridades e receberão as doses após os idosos, de acordo com o plano nacional de vacinação. “Ainda não existem estudos finalizados da eficácia para pessoas com imunossupressão. Mas, por exemplo, quem tem lúpus tem 73% mais de chance de morrer de covid do que uma pessoa saudável. Como não temos tempo, e o vírus é muito rápido, é recomendada a vacinação. É sempre melhor ter algum grau de proteção do que nenhum”, afirma a especialista. 

Mônica ressalta que, mesmo que os pacientes sejam vacinados, os cuidados seguem os mesmos. “Nenhuma pessoa com imunodepressão deve tomar a vacina e deixar de se cuidar. Já que não temos dados da eficácia. É receber a vacina e seguir com o isolamento social, higienização das mãos e uso de máscaras”, reforça a médica. 

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