Com o isolamento social rígido decretado pelo governador Camilo Santana, o platô da segunda onda da Covid-19 foi alcançado no Ceará. A estabilização dos casos e uma possível redução nos diagnósticos positivos, anima o Estado, que renovou o decreto de lockdown até o domingo de Páscoa, mas já planeja a retomada gradual das atividades econômicas no dia seguinte, 5 de abril.
“Estamos no platô. Ou seja, os [novos] casos podem cair nos próximos dias. A taxa de recuperação voltou a crescer, ela estava em queda, o potencial de propagação está em 1.07. Se continuar assim, daqui a duas semanas poderemos flexibilizar [as atividades econômicas”, comemora o estatístico Nonato de Castro, do Instituto Brasil de Pesquisas Inteligentes (IBPI). Conforme o especialista, o ideal é que o potencial de propagação seja inferior a um, que acontece quando uma pessoa infectada transmite a doença para menos de uma pessoa. “Aí se pode começar a pensar em liberar [as atividades]”.
O comentário foi feito na última quinta-feira (25), um dia antes do titular do Dr. Cabeto, titular da Secretaria de Saúde do Estado, conceder uma entrevista ao Grupo Cidade de Comunicação, confirmando que o Ceará atingiu o pico da segunda onda. “Temos um platô, mas é um platô ainda muito recente, de poucos dias e um platô que ainda tem um número de atendimento muito grande. É bom lembrar que hoje nós temos o pico da pandemia com quase 60% a mais de casos do que tivemos em maio e abril do ano passado. Quer dizer, são números exorbitantes”, disse.
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Horas após a entrevista na sexta-feira (26), o gestor acompanhou Camilo Santana na transmissão em que a renovação do isolamento social rígido foi anunciada. “Vamos aproveitar a Semana Santa e manter o isolamento social rígido até o domingo de Páscoa (4), para discutir ao longo da semana a possibilidade de previsão de retomada gradual das atividades não essenciais a partir do dia 5 de abril, se essa tendência de queda continuar. Por isso é muito importante que você cumpra esse isolamento durante toda essa semana”, disse o governador.
Para o especialista, a flexibilização não é indicada, mesmo com o aparente controle da doença. Entretanto, considerando a situação econômica do país e o baixo valor do auxílio emergencial anunciado pela União, é difícil para o Estado manter medidas tão rígidas por muito tempo. A saída, conforme o estatístico já havia dito em entrevista anterior ao GCMAIS, é acelerar a vacinação no Ceará. No primeiro encontro com Marcelo Queiroga, novo titular do Ministério da Saúde, Camilo Santana falou sobre a imunização. “Defendemos a maior rapidez na vacinação dos brasileiros e a importância de uma coordenação nacional para esse enfrentamento à Covid”, disse.
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O novo ministro destacou que a vacinação é a maior estratégia da pasta para controlar a pandemia. “O Governo federal está empenhado em aumentar a capacidade de vacinação e imunizar toda a população brasileira. O Butantan e a Fiocruz, nossos fornecedores brasileiros de vacinas, nos asseguram entregas que poderão vacinar 1 milhão de pessoas por dia. Vamos buscar essa meta de vacinação”, explicou.
Embora os primeiros efeitos do isolamento social rígido sejam percebidos no Ceará, o Estado orienta que medidas sanitárias sejam obedecidas para permitir a flexibilização dos serviços. “Nós aumentamos muito a capacidade de atendimento, quantitativa e qualitativa. Hoje temos muito mais casos, mas o nível de mortalidade está muito menor. Por isso, solicito que os cearenses apoiem as nossas medidas e decisões, pois são muitas pessoas nos hospitais, muita gente sofrendo, mas já temos o platô em vista, que é uma tendência de início de uma diminuição de casos”, finaliza Cabeto.
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Novo auxílio emergencial
O decreto que regulamenta o pagamento do novo auxílio emergencial foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União na sexta-feira (26). O apoio será repassado para pessoas em situação de vulnerabilidade e beneficiários do Bolsa Família. Os pagamentos devem ser iniciados na primeira semana de abril, conforme anunciou o presidente Jair Bolsonaro.
Entre a primeira e a segunda onda da pandemia, o número de beneficiados caiu de 68 milhões para 45,6 milhões de famílias. De acordo com o Governo Federal, a redução se deve ao cruzamento de informações que concentrou o benefício em grupos mais impactados pela pandemia. O valor também foi reduzido e pode chegar a R$ 375.