O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações ressalta que a vacina é eficaz, mas ainda faltam documentos para a aprovação
Sputnik V: o que falta para o recebimento das 5,87 milhões de doses de vacinas adquiridas pelo Governo do Ceará?
A Sputnik V, vacina produzida na Rússia, é um dos investimentos do Governo do Ceará, e de outros estados do Nordeste, na busca da aceleração da imunização da população. O imunizante, apesar de já estar sendo aplicado em outros 60 países, ainda enfrenta entraves para ser utilizado no Brasil.
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Segundo o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, os estudos da Sputnik V apontam que é uma vacina confiável, mas ainda faltam documentações para a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “É uma vacina que, com os estudos apresentados, vai muito bem”, destaca. “Os estudos de fase 2 e 3 mostraram que a eficácia da vacina é de 90% para a prevenção da covid-19 e os efeitos colaterais são semelhantes às vacinas que já usamos aqui”.
Porém, Renato Kfouri alerta que estes estudos apresentados ainda não são suficientes para garantir a aprovação da Anvisa. Ele destaca que o órgão é responsável por certificar que “os estudos foram bem conduzidos e a fábrica da vacina também cumpre as boas práticas de fabricação”, garantindo a segurança sanitária da população. “Quer comercializar, quer vender no Brasil, tem que apresentar os dados para que a certificação seja válida e o produto possa ser utilizado”, reforça o diretor.
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Na última quinta-feira (15), o jornal Valor Econômico publicou um laudo da Anvisa com, pelo menos, 15 pontos críticos sobre a vacina Sputnik V. A Agência destaca a falta de documentações e dados. Além disso, a visita às fábricas da vacina russa, que estava programada para acontecer entre 15 e 21 de abril, foi adiada pelo próprio laboratório para o período entre 19 e 23 de abril.
Além disso, Renato Kfouri lembra que a vacina não enfrenta problemas na aprovação só no Brasil, mas também em outras grandes agências de regulação sanitária, como a norte-americana e a europeia.
Sputnik V no Nordeste
Na última terça-feira (13), o governador Camilo Santana afirmou que o Estado havia entrado com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando a liberação da importação da vacina.
“Já entramos com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF), para que a Anvisa, do Governo Federal, autorize a liberação ao nosso estado dos 5,87 milhões de doses da vacina Sputnik V adquiridas de forma direta pelo Governo do Ceará junto ao Fundo Soberano Russo. A Sputnik V já é utilizada em cerca de 60 países, com eficácia de 91,6%, e a atitude da Anvisa é injustificável. Iremos a todas as instâncias possíveis para que as vacinas que adquirimos cheguem o mais rápido possível para imunizar nossa população”, disse Camilo.
Na mesma data, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, respondeu a uma ação parecida do Governo do Maranhão e definiu um prazo de 30 dias para que a Anvisa decida pela aprovação ou não da Sputnik V. Segundo a decisão, após esse prazo o Estado pode importar e aplicar o imunizante, mas deve se responsabilizar pela segurança da população.
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Além disso. Renato Kfouri afirma que, mesmo que os governos estaduais tenham negociado diretamente com o Fundo Russo, caso os imunizantes entrem no Brasil, eles devem ir para o Programa Nacional de Imunização. “Qualquer vacina que entrar para o País, quer seja por governos ou rede privada, deve ser colocada em função do sistema nacional de imunização para vacinar todos os brasileiros”, explica o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações.
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