Especialistas que visitaram o edifício São Pedro há cerca de dois anos afirmam que a estrutura tem sinais claros de degradação e pode sofrer um colapso a qualquer momento. “Nós fizemos uma visita ao prédio histórico em 2019 e constatamos vários problemas: o telhado foi retirado, há sinais de infiltração, plantas que crescem ao longo das paredes, falta de guarda-corpos, janelas e outras estruturas. Constatamos que havia moradores clandestinos. Na época existia um grande cadeado na porta, mas conseguimos fazer uma avaliação preliminar”, avalia Emanuelle Nobre, engenheira civil especialista em patologia.
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O colapso iminente também foi relatado em uma declaração do presidente do presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE), Emanuel Mota. Nesta semana, ele informou que não existe como afirmar com precisão, mesmo com análises técnicas, de quanto tempo a estrutura do prédio ainda pode se manter de pé. “A iminência é imprevisível. Pode cair hoje, como pode cair daqui a 10 anos, 100 anos”, completou.
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Na manhã da última quinta-feira (22), a equipe do Grupo Cidade de Comunicação teve acesso ao pátio do edifício, com autorização de um dos proprietários. Leonardi Salvatore informou que o prédio foi desocupado pelos donos moradores há cinco anos, após um pedido da Defesa Civil.
O empresário italiano afirma que possui dois quitinetes na parte residencial do edifício. “Nós tivemos que assumir o aluguel, quando saímos, e continuamos com despesas como IPTU e outras taxas. É um prejuízo muito grande. De acordo com Salvatore, uma das famílias que detém a maior parte do patrimônio, sugeriu o restauro da fachada e uso apenas da área central, mas a proposta não foi aceita por outros donos dos imóveis.
A entrada no pátio do edifício já mostra como a degradação é evidente. Pedaços da estrutura caem a todo momento. Forros de gesso, tijolos, pedras e vidros estão espalhados na parte de fora. Buracos nas paredes deixam evidentes os cômodos do térreo e não existem mais portas ou janelas. Há cerca de um mês, o Grupo Cidade mostrou imagens feitas por vizinhos que mostram a invasão ao prédio por pessoas em situação de rua que levam entulhos e materiais. A retirada de partes da estrutura deixa o prédio abandonado ainda mais fragilizado para a ação do tempo.
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Uma história de impasses no edifício São Pedro
O edifício São Pedro tem cerca de 70 anos e fica num local privilegiado, na orla da Praia de Iracema. Foi um hotel de luxo e uma das primeiras construções com vários andares na orla de Fortaleza. Nos anos de 1990, alguns imóveis funcionavam como salas comerciais, mas existia uma área residencial com pequenos apartamentos, como o que pertence a Salvatore.
O tombamento foi iniciado em 2015, época em que a desocupação foi indicada e a interdição começou, de acordo com o proprietário minoritário. De lá para cá, o processo avançou pouco e os donos ficaram impossibilitados de fazer intervenções para conservar o local.
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Com muitas entradas clandestinas, a ocupação temporária de moradores de ruas e as pichações são constantes. O lugar é visto como um desafio também para os artistas. Alguns ignoram o risco, com a jovem que morreu na semana passada. A grafiteira Renata Nakayama morreu depois de cair de um andar para outro no edifício.
“O ideal seria restaurar, mas é preciso, pelo menos, isolar o local para evitar a circulação de pessoas”, destacou Emanuelle Nobre.
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