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Especialistas recomendam evitar comemorações presenciais no Dia das Mães devido ao alto índice de contaminação

Foto: Divulgação

Segundo domingo de maio é uma data que mexe com o coração de muitos brasileiros. É a data na qual se comemora o Dia das Mães. O momento marca a celebração em família, onde os filhos que durante o ano ficam meio que distanciados, tentam ficar mais próximos, numa chamada “boa aglomeração”.

No entanto, para autoridades de saúde, no atual momento onde o índice de transmissão viral continua alta, não é recomendável esse tipo de comemoração. Temem que os encontros no Dia das Mães possam gerar alguns resultados negativos no enfrentamento da pandemia.

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Para o médico infectologista e professor do programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas e do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza, Keny Colares, depois dos esforços que todos fizeram para cumprir o confinamento e tentativa de controlar a doença, apesar de não ter sido completo e de não ter conseguido uma grande adesão, houve uma redução de alguns indicadores, como número de casos, número de óbitos, ocupação de leitos, de testes positivos, “houve uma certa estabilidade e melhora destes indicadores, mas eles continuam num patamar muito acima do que seria razoável para se dizer que a doença está controlada”, entende.

“Estávamos numa situação que a pandemia estava descontrolada, utilizamos algumas medidas e conseguimos estabilizar. Com isso tivemos uma leve queda dos vários indicadores. Nesse sentido, o ideal é que tivéssemos numa situação de manutenção, de cuidado máximo, de afastamento, enfim de obediência as recomendações”, avalia. Nesse contexto, o especialista entende que as comemorações do Dia das Mães preocupam.

Ele observa que após outras datas especiais onde as pessoas comemoram de forma presencial, o número de casos têm sempre aumentado. “Então, o mais recomendável seria realizar o Dia das Mães virtual. Isto é, as pessoas não devem comemorar presencialmente o Dia das Mães, devem tentar fazer isso virtualmente, pelo telefone, pelo computador, combinar para comemorar no segundo semestre, quando as coisas costumam estar mais calmas. Esta seria a melhor forma”, ressalta.

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O médico infectologista argumenta que atualmente o Ceará está com uma parcela pequena da população vacinada (2.158.922 doses aplicadas, sendo que 758.421 pessoas receberam as duas doses, o que representa 8,5% da população cearense, segundo o Vacinômetro do dia 06 de maio), e se as pessoas saírem do confinamento e forem de novo se expor, a tendência é que os números voltem a crescer, “seria mais seguro para as famílias e para a sociedade se não houvesse comemoração”, opina.

Ele salienta que é fato que uma proporção importante dos idosos estão vacinados no Ceará, o que é bom, mas diz ser importante perceber que os estudos que têm sido realizados mostram que a vacinação reduz parcialmente as chances da pessoa adoecer, mas não anula o risco da pessoa ficar muito doente e até ter uma evolução fatal.

“Simplificando; a vacina proporciona uma proteção parcial! Nesse momento que estamos tendo uma circulação viral alta, reunir pessoas vacinadas com pessoas não vacinadas vai acabar expondo toda família a riscos, tanto os mais idosos como os mais jovens”, enfatiza.

Keny Colares frisa que mesmo com todo esse alerta, se as pessoas acharem que não têm como seguir essas recomendações, que realizem suas comemorações seguindo os protocolos das autoridades de saúde, isto é: ter o menor número de pessoas possível; o maior distanciamento possível entre elas; realizar em ambiente mais ventilado e aberto possível; utilizar máscara o tempo todo; manter a higiene com álcool gel, etc.

“Mas que fique claro, que sempre vai ter a oportunidade de em um momento acontecer transmissões, portanto seriam medidas de proteção que a gente sabe que podem ter suas falhas,” diz.

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Shoppings e restaurantes

Com relação a comemorar a data em shoppings e restaurantes, a principal sugestão do especialista é que as pessoas evitem, principalmente ir a restaurantes, que segundo ele, são ambientes onde as pessoas ficam sem máscara.

“Isso, especialmente se o restaurante for fechado, pois existe o risco maior de transmissão. Mas se achar que deve ir, que frequente um que seja aberto, bem ventilado e que tenha poucas pessoas, com mesas bem distantes uma das outras. Mais uma vez, essa não é a situação ideal, mas é uma forma de tentar se proteger”, comenta.

“Os cuidados que todos devemos ter no dia das mães e em outros momento são esses já conhecidos: o distanciamento, uso de máscara, evitar aglomerações de pessoas. Isso que interessa! É o que faz a diferença! Sabendo que ao tomarmos esses cuidados, a gente reduz o risco de transmissão, que não é zero. Seguro mesmo é ficar afastado e evitar aglomerações. Não devemos baixar a guarda em relação ao novo coronavírus,” conclui o especialista.

Núcleo Familiar

Para o professor, doutor do Departamento de Patologia e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Edson Holanda Teixeira, a primeira coisa que devemos lembrar é que o individuo só está imunizado duas semanas após a segunda dose, seja qual for a vacina que esteja sendo distribuída no Ceará, contra Covid-19.

“Nesse momento, o Ceará só tem em torno de 8% de pessoas vacinadas com duas doses, que são exatamente as que estão dentro do universo de pessoas que normalmente se aglomeram nesse momento do Dia das Mães. Isso representa uma quantidade de imunizados muito abaixo do que a gente esperava. Há uma preocupação pois é um momento que as pessoas tendem a deixar de lado os cuidados. É uma comemoração comum e tipica no Brasil,” assevera.

Diz que tem orientado que as pessoas que compõem o mesmo núcleo familiar, isto é, que estão juntas dentro do mesmo ambiente, obviamente passando a quarentena juntos, não precisam ter cuidados maiores. Já as pessoas que não residem na mesma casa que forem visitar a mãe, ou se deslocarem para outras cidades devem sim ter todos os cuidados possíveis.

“Caso as famílias possam adiar esse momento é o melhor a se fazer. Mas se for uma coisa improrrogável, é realmente necessário o uso de máscara e o distanciamento. Sabemos que é complicado pois as pessoas querem se tocar, se abraçar. E mesmo que boa parte da família esteja vacinada, ainda são necessários os cuidados. Até agora, a certeza que nós temos é que a vacina não promove a evolução de casos graves, mas não temos certeza absoluta com relação a transmissão”, conclui.

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