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Projeto de Fortaleza oferece suporte psicológico, jurídico, laboral e acolhimento para pessoas LGBTQIA+

Para além de ser um espaço de acolhimento, o projeto “Outra Casa” se propõe a fazer um trabalho de suporte para jovens LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade

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25 de junho de 2021
Márcia Catunda

Quem passa pela casinha amarela e simples da rua Instituto do Ceará, no bairro Benfica, nem imagina a potência que este espaço abriga. Isso porque a grandiosidade do projeto “Outra Casa” não está simplesmente na sua estrutura física, mas na proposta de levar acolhimento, cuidado e suporte para jovens LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade social ou vítimas de violências. E é através deste trabalho que a iniciativa busca construir uma Fortaleza mais justa, igualitária e diversa.

Projeto de Fortaleza oferece suporte psicológico, jurídico, laboral e acolhimento para pessoas LGBTQIA+
Foto: Divulgação

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A história da “Outra Casa” surgiu já em um contexto de pandemia, há cerca de um ano e três meses. Renata Gois, coordenadora do núcleo de acolhimento do projeto, explica que o ponto de partida foi uma urgência, efeito da combinação da covid-19 com o preconceito diário vivido pelas pessoas LGBTQIA+.

“A ideia do projeto da ‘Outra Casa’ surgiu a partir de uma urgência. Ela veio através de pegar algumas demandas sobre violências psicológicas da população LGBTQIA+, que já se via confinada antes e, com a pandemia, se viu ainda mais confinada com a família que, às vezes, é a fonte do conflito”, explica Renata Gois.

O projeto, então, começou em uma casa cedida no bairro Jangurussu, periferia de Fortaleza. Porém, na medida em que a iniciativa foi se estruturando, a “Outra Casa” passou a ocupar um espaço no bairro Benfica. Atualmente, são 30 voluntários de diversas áreas profissionais que trabalham em um dos quatro núcleos, o de acolhimento, laboral, cultural e de infraestrutura. É o trabalho dessas pessoas e as doações que mantém o projeto funcionando e atendendo cerca de 16 pessoas no acolhimento externo e cinco no interno.

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Segundo Renata Gois, essas duas modalidades de acolhimento de jovens LGBTQIA+ visam dar suporte não apenas para as pessoas que precisam de moradia e refeições, mas também para quem precisa de outras ajudas para superar as barreiras causadas pelo preconceito de gênero e orientação sexual.

“A missão da ‘Outra Casa’ é a reinserção da pessoa à sociedade”, explica Renata Gois, acrescentando que as pessoas podem passar até três meses em acolhimento interno na casa. “A gente não quer que passe esse tempo só por passar. A gente quer dar autonomia para o indivíduo caminhar para a sua vida. A ideia vai muito além de casa e comida, o objetivo não é acumular pessoas, mas é que as pessoas vejam um horizonte na vida, um futuro melhor”.

Hugo Nogueira, que é psicólogo e faz parte da direção da ‘Outra Casa’, explica que o projeto busca ir além das paredes da casinha amarela no Benfica e se conectar com a Cidade como um todo, levantando debates e elaborando políticas públicas que sejam capazes de mudar a vida de milhares de pessoas LGBTQIA+ em Fortaleza.

“Tem a questão de ampliar os serviços da ‘Outra Casa’ para que a gente ajude na promoção dos direitos da população LGBTQIA+ dentro da comunidade como um todo”, explica Hugo Nogueira. “Para que realmente seja um lugar que irradie e que se insira em toda a cidade”.

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O serviço oferecido pela “Outra Casa” para pessoas LGBTQIA+

O serviço oferecido pela “Outra Casa” para pessoas LGBTQIA+

Foto: Divulgação

O projeto “Outra Casa” é voltado para pessoas LGBTQIA+ que estão na faixa etária entre os 18 e 29 anos de idade, com exceção das pessoas trans, que podem ser acolhidas para além destas idades. Os jovens que precisam desse suporte podem procurar atendimento através do perfil @outracasacoletiva no Instagram.

O espaço físico da casa pode abrigar até oito pessoas, mas, atualmente, diante da pandemia, este limite desceu para cinco. Já no acolhimento externo, sem a necessidade que a pessoa fique abrigada na casa, o atendimento depende da capacidade dos voluntários que compõem o projeto. O diretor Hugo Nogueira garante: “todas as pessoas que procuram a gente, nós tentamos, de alguma forma, ajudar e dar um suporte”.

Entre os serviços estão o atendimento psicológico, o suporte jurídico, além do auxílio laboral, com profissionais da área de administração que analisam currículos, simulam entrevistas e ajudam os jovens a se inserirem no mercado de trabalho.

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Doações

O projeto funciona com base no trabalho de voluntários e doações financeiras. Segundo explica Renata Gois, os doadores podem escolher uma das duas modalidades de suporte ao projeto. A primeira é através do benfeitoria.com/outracasa, uma espécie de assinatura que varia de R$ 10 a R$ 100 por mês. A outra forma, que não tem nenhum valor fixo, é através do Pix, que pode ser feito usando a chave queroajudaroutracasa@gmail.com.

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