O estudo avaliou as queixas de 1.041 mulheres de Fortaleza. Os transtornos como ansiedade e depressão podem desencadear complicações como aborto espontâneo e o parto prematuro
Estudo revela que 45,7% das gestantes apresentam transtornos mentais relacionados à pandemia
Os impactos gerados pela pandemia também englobam a saúde mental da população, desencadeando quadros de ansiedade e estresse. Em gestantes o desenvolvimento de transtornos mentais comuns foi acompanhado por uma pesquisa da Universidade Federal do Ceará em parceria com a Universidade de Harvard.
O estudo realizado em Fortaleza revelou um aumento exponencial de crises de pânico e de ansiedade, insegurança e estresse pós-traumático. Os pesquisadores concluíram que os sentimentos negativos despertados pela Covid-19 fizeram elevar em até três vezes a prevalência desses sintomas entre as pessoas gestantes.
A pesquisa
Foram investigadas 1.041 grávidas fortalezenses, com idades entre 16 e 48 anos, distribuídas nas seis regionais da cidade. O levantamento ocorreu durante dois meses de 2020, abril e maio, após a determinação de locdown.
Os resultados estão retratados no artigo “COVID-19 and mental health of pregnant women in Ceará, Brazil” (“Covid-19 e saúde mental de mulheres grávidas no Ceará, Brasil”, em tradução livre), publicado em maio de 2021, pela Revista de Saúde Pública.
A pesquisa aponta que 45,7% das entrevistadas evidenciaram o predomínio de transtornos mentais comuns. O dobro do que indicava uma pesquisa anterior realizada pela UFC sobre a mesma temática. As grávidas que revelaram ter medo da covid-19 mostraram riscos até três vezes maiores de apresentar transtornos em comparação àquelas que não nutriam tal sentimento.
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Vale ressaltar que a Universidade Federal do Ceará realiza há 30 anos, uma Pesquisa de Saúde Materno-Infantil no Ceará (PESMIC), a cada quatro anos, com cerca de 8 mil famílias em várias cidades do estado. A última edição ocorreu em 2017, e revelou que a prevalência desses transtornos mentais em mulheres grávidas em torno de 20% a 25%.
“O acesso aos serviços públicos e privados ficou dificultado; havia o medo de que a criança pudesse ter efeitos negativos na sua formação (diante de um vírus novo, do qual pouco se conhecia sobre os efeitos no feto, por exemplo), sem contar que o desemprego foi crescente. Tudo isso impactou diretamente o estado emocional dessas mulheres”, disse a professora Márcia Machado da Faculdade de Medicina da UFC.
Danos causados pelos transtornos
Os transtornos como ansiedade e depressão podem desencadear complicações como aborto espontâneo, parto prematuro, baixo peso do bebê ao nascer, menor duração do aleitamento materno, déficit de crescimento e atraso no desenvolvimento infantil.
Sintomas apontados pelas gestantes
Falta de ar, taquicardia (coração acelerado), suor nas mãos, perda de sono, choro frequente, perda de apetite, alterações trombóticas, dentre outros, são características citadas entre as gestantes.
Obtenção de melhores resultados
A pesquisadora Márcia Machado reforça que é preciso trabalhar as questões de segurança alimentar; incentivo ao aleitamento materno, partos mais humanizados, acesso aos serviços de saúde; investimento em educação e em programas de ação social com foco prioritário dos governos, sob risco de piora nos indicadores de vida da população.
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