Após ser cenário de imagens que chocaram o mundo inteiro, a cidade Cabul, no Afeganistão, começou a retomar o ritmo nesta terça-feira (17). Contudo, a sensação é de desconfiança por parte dos afegãos em relação ao novo regime talibã. Também nesta terça, os Estados Unidos da América continuaram a retirar as tropas militares americanas do país.
Na cidade, as lojas voltaram a funcionar, os carros passaram a transitar novamente pelas ruas e, aos poucos, as pessoas retornaram à rotina. No país, a liberdade das mulheres era respeitada durante o antigo governo, porém com a chegada das forças paramilitares algumas têm sentido medo de sair nas ruas. Outras têm se arriscado.
>>>Siga o GCMAIS no Google Notícias<<<
Com o abandono presidencial e tomada de poder, a televisão estatal passou a exibir basicamente programas islâmicos. Foram apenas 10 dias para que os paramilitares assumissem o poder no país depois da saída dos americanos. Entretanto, o atual governo do talibã tem promessas de políticas mais moderadas em relação aos direitos humanos.
Leia também | Joe Biden defende retirada de tropas dos Estados Unidos do Afeganistão
Talibã e China
Cientistas que estudam a geopolítica no Oriente Médio consideram que é preciso olhar com cautela para as promessas de moderação do Talibã. Também questionam os resultados obtidos pelos Estados Unidos (EUA) durante a ocupação que durou 20 anos e avaliam que os desdobramentos na região vão depender de como a China irá se movimentar diante do retorno do grupo extremista ao poder no Afeganistão.
“Estamos vendo algumas mudanças importantes. O grupo que foi derrubado pelos Estados Unidos há 20 anos está agora virando governo e, inclusive, sendo reconhecido por alguns países, como é o caso da China. Durante muito tempo, nas discussões sobre a geopolítica da região, se debatia o papel dos Estados Unidos, da Rússia, da Inglaterra. Pela primeira vez, precisamos entender qual será o papel chinês e qual vai ser a política chinesa para a região. Já está claro que os chineses vão negociar com os talibãs”, observa Fernando Luz Brancoli, pesquisador e professor do Instituto de Relações Internacionais e Defesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
>>>Siga o GCMAIS no Google Notícias<<<