O público infantil tem sido menos afetado com o coronavírus, seja em termos de agravamento da Covid-19 e internações quanto ao número de óbitos. Apesar disso, estudo multicêntrico realizado no Brasil mostra que crianças e adolescentes com comorbidades têm mais chances de desenvolver formas mais graves da doença.
>>>Siga o GCMAIS no Google Notícias<<<
Pacientes oncológicos foram acompanhados no estudo durante o ano de 2020 que foi publicado na revista internacional Pediatric Blood & Cancer, em junho de 2021. A coordenação nacional foi da oncologista pediatra Mariana Bohns Michalowski, do Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Cerca de 22 centros hospitalares das cinco regiões brasileiras participaram da pesquisas, dentre eles o Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), que contribuiu com grande parte dos registros. O estudo teve como objetivo estudar o impacto da Covid-19 em crianças com câncer.
A cancerologista pediátrica Nádia Gurgel Alves, que coordenou o projeto no Hias com as também cancerologistas pediátricas Marina Gondim e Sandra Prazeres e com a enfermeira Luana Maia, destaca a importância do estudo.
“Poucos estudos abordaram a repercussão e consequências da Covid-19 em pacientes pediátricos com câncer em países em desenvolvimento. Nesse artigo, foi estudada a evolução e o impacto da doença em cerca de 179 pacientes oncológicos infectados pelo coronavírus, na faixa etária entre 0 e 18 anos”, explica.
Após a análise dos dados de crianças e adolescentes com câncer, com idade média de 6 anos, alterações no Índice de Massa Corporal (IMC) – abaixo ou acima do normal para a faixa etária – e que apresentaram diagnóstico positivo para Covid-19 por meio do exame RT-PCR, a pesquisa apontou uma taxa de letalidade de 12,3%. Foi observado que o número é muito superior ao índice de mortalidade na população pediátrica de uma forma geral – de aproximadamente 1%.
Leia também | Ceará confirma 43 casos de variante Delta e registra primeiro caso da Alfa, cepa britânica
Segundo Nádia Gurgel, a contribuição no trabalho multicêntrico se deu por meio da análise e do acompanhamento dos dados e prontuários dos pacientes atendidos no Centro Pediátrico do Câncer (CPC), unidade oncológica do Hias, durante o ano de 2020. As informações foram registradas em uma plataforma nacional, que só o centro coordenador tinha acesso. O projeto de análise das consequências da Covid-19 nos pacientes com câncer foi aprovado pelo Comitê de Ética Hospitalar.