Pessoas acima de 55 anos que tomaram Coronavac podem necessitar de uma 3ª dose da vacina, indica estudo
Redação GCMAIS
Um estudo feito pelo Instituto do Coração (InCor), em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e outras instituições, indica que pessoas com mais de 55 anos que tomaram as duas doses da vacina Coronavac, contra a Covid-19, podem precisar de uma 3ª dose do imunizante como reforço.
Conforme a pesquisa, a capacidade do organismo gerar resposta imune é menor em homens e em pessoas acima de 55 anos. O estudo sem a avaliação de pares aponta que 95% dos participantes vacinados com o imunizante produziram algum tipo de imunidade contra o coronavírus Sars-CoV-2.
As mulheres com mais de 55 anos apresentaram resposta de anticorpos e celular em 60% das amostras analisadas. Nos homens, esse índice cai para 28%. O Instituto Butantan afirmou que a resposta imune de defesa no organismo diminui com o avanço da idade, e que qualquer vacina gera uma resposta imune menor em pessoas mais idosas.
“Isso não quer dizer que os mais velhos não estejam protegidos contra a doença, mas sim, que o organismo responde menos a um antígeno novo, uma característica que não se relaciona à vacina em si, mas aos processos naturais do sistema imunológico”, informou o Butantan.
Estudo chileno
Além do estudo brasileiro, pesquisadores chilenos realizam um estudo avançado sobre a vacina contra a Covid-19 CoronaVac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, e recomendaram a aplicação de uma terceira dose do imunizante. Segundo os estudos com voluntários, os níveis de anticorpos gerados pelo imunizante diminuíram seis meses após a segunda aplicação.
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Um ensaio in vitro para determinar a eficácia da vacina contra a mais contagiosa variante Delta do vírus mostrou ainda uma redução quatro vezes no efeito neutralizante contra a cepa, em comparação com uma redução três vezes relatada anteriormente por cientistas chineses.
O consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Julival Ribeiro, destacou que nenhuma vacina é 100% eficaz e que o que está sendo discutido agora em todo o mundo é como essas vacinas irão se comportar depois de um determinado período.
“Se esses estudos analisarem que a nossa imunidade vai caindo com o decorrer do tempo, vai ter sim que ser aplicada uma dose de reforço para reestimular o nosso sistema imune gerando anticorpos”, afirmou.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já declarou que faltam evidências científicas contra uma dose de reforço e se manifestou contrária a planos de governos e farmacêuticas nesse sentido.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se pronunciou dizendo acreditar que algumas das vacinas contra a Covid-19 demandarão uma terceira dose. Por enquanto, nenhum imunizante tem esquema com três aplicações. A agência reguladora destacou ainda que as vacinas aprovadas são eficazes e que a população pode confiar em qualquer uma que esteja disponível no posto de saúde.
Segundo a diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Mônica Levi, ainda estamos diante de uma definição de qual é o melhor esquema de vacinação para a Covid-19 com as diversas vacinas em cenários epidemiológicos diferentes.
“Isso é algo comum no campo das imunizações, quando se acompanha populações vacinadas dentro de cada contexto epidemiológico podem surgir novas evidências que resultem em uma necessidade de aumentar o número de doses preconizadas ou até diminuir”, disse.
A imunologista destacou que isso é normal e acontece sempre, como a vacina da Hepatite B que foi introduzida no mundo todo no esquema de três doses e hoje é aplicada em quatro doses, com o dobro de volume em cada dose, em indivíduos imunodeprimidos. A vacina contra o HPV também sofreu alteração no esquema vacinal, passando de três doses para duas para os menores de 15 anos, pois verificou-se que a resposta era mais forte neste grupo.
“No momento nós não temos dados suficientes para dizer se nós vamos mesmo ter que introduzir a terceira dose ou não, está sendo avaliado para todas as vacinas o papel dessa terceira dose, tanto do ponto de vista laboratorial e imunológico, mas mais importante do que isso a nível de proteção clínica. Às vezes você tem uma queda nos anticorpos, mas isso não representa uma queda na proteção”, afirmou Levi.
Além da CoronaVac, as vacinas da AstraZeneca, Pfizer e Janssen também estão passando por estudos que avaliam a aplicação de doses de reforço, sobretudo por causa da variante Delta.