Pacientes com histórico prolongado de internação possuem tendência a desenvolver alterações no humor. Para driblar as eventuais tristezas, a equipe do Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), em Quixeramobim, tem desenvolvido diversas estratégias para melhorar a experiência dos pacientes internados na unidade.
“O processo de adoecimento repercute de diversas maneiras na vida do indivíduo. Quando se trata de uma paciente ativa, num longo período de internação, afastada de suas atividades laborais e do seio familiar, tudo se potencializa”, explica a enfermeira diarista Cynara Nobre.
Na Clínica Médica do HRSC, a equipe tem usado a realidade virtual para ajudar os pacientes internados há vários dias a superarem o cansaço decorrente da internação.
“O uso de óculos de realidade virtual ajuda na melhora do humor e no resgate de memórias, minimizando os efeitos que um longo período de internação pode trazer para a saúde mental do paciente”, detalha Nobre.
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É o caso de Maria Enedi Silva, de 60 anos. Há três décadas, ela não ia à praia. Internada há mais de 20 dias no HRSC com um problema no fígado, Enedi expressou o desejo de conhecer Fernando de Noronha. “Eu não gosto muito de praia, mas essa é diferente”, afirma.
A tecnologia ajudou a aposentada a realizar o sonho. Por meio dos óculos de realidade virtual, a aposentada passeou pelas praias do arquipélago pernambucano.
“Ainda não deram uma voltinha por aqui? Vocês não sabem o que estão perdendo. Estou me sentindo mesmo em Noronha”, brinca a paciente, entusiasmada. “Quando chegar lá em casa, vou dizer aos meus filhos e netos para onde eu fui. Valeu a pena”.
Ensaio fotográfico
Edilana Barros Gomes, 19, grávida do primeiro filho, passou os últimos 15 dias da gravidez internada no HRSC. Perdeu o chá de bebê que havia programado com a família e via que o desejo de retratar a gestação em fotos podia não acontecer. “O meu sonho era fazer um ensaio fotográfico, mas minha barriga só cresceu quando eu estava no hospital”, lamenta a jovem.
Para atender ao desejo de Gomes, a equipe multidisciplinar propôs um ensaio fotográfico no próprio hospital. As enfermeiras foram responsáveis pela produção das fotos, realizando a maquiagem da paciente e produzindo os cenários para a sessão de fotos.
Psicóloga do HRSC, Renata Viana foi quem realizou os cliques. “Ela me disse que queria muito fazer o ensaio e que tinha planejado fazer se estivesse em casa. A gente foi se organizando. Falou com o médico, com toda a equipe, para saber das possibilidades, e cada um foi vendo o que podia trazer para a gente poder realizar esse desejo dela”.
A proposta de transformar os momentos finais da gravidez em algo mágico para a paciente foi, então, realizada. “Esse fim de gestação foi todo ‘preso’ no hospital. Então, é um momento de liberdade que ela tem de realizar até o desejo dela e se tornar mãe mesmo”, afirma Viana.
Ao fim da internação, já com o bebê Gael nos braços, a jovem ainda foi surpreendida pela equipe com um álbum. “Sinceramente, não esperava por isso. Esperava só pra fazer as fotos, não esperava que ganharia as fotos impressas, ainda mais em um álbum”, surpreendeu-se.
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