Das 16 pessoas que ficaram soterradas, 9 delas morreram e outras 7 foram resgatadas com vida dos escombros
Desabamento do Edifício Andrea completa 2 anos nesta sexta-feira (15); relembre o caso
Há exatos 2 anos, no dia 15 de outubro de 2019, uma tragédia mexia com a vida da cidade de Fortaleza e de todo o Brasil. Eram exatamente 10h28 da manhã daquela terça-feira quando o Edifício Andrea, que ficava no encontro das ruas Tibúrcio Cavalcante e Tomás Acioly, no bairro Dionísio Torres, desabou, soterrando 16 pessoas.
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9 delas morreram e outras 7 foram resgatadas com vida dos escombros, num momento que marcou a todos os cearenses, principalmente os familiares, amigos das vítimas, bombeiros e voluntários que trabalharam mais de cem horas no resgate.
Em meio às lembranças da tragédia que deixou o Brasil de luto, existe um desejo de retomar o rumo da vida. O estudante Davi Sampaio é um dos sobreviventes e não consegue esquecer os momentos de aflição após o desabamento. Ele enviou uma selfie aos familiares enquanto estava preso sob os escombros do prédio.
“A ideia de mandar uma foto no meio daquela situação toda foi justamente para avisar aos meus parentes, amigos e familiares que, apesar do acontecimento, eu estava bem, estava tecnicamente seguro, e que eles não precisavam se preocupar tanto pois tinham muitas pessoas trabalhando incansavelmente para me tirar dali o mais rápido possível, então foi mais um meio de informar e tranquilizar os meus amigos e parentes”, afirmou Davi Sampaio.
Hoje, Davi celebra a chance de estar vivo e agora poder celebrar duas datas de aniversário.
“O sentimento que eu sempre costumo cultivar disso tudo é de alegria e contentamento com a vida, pelo fato dela existir, por si só, e também pela sua finitude, porque nada é permanente, então nada é igual o tempo todo”, complementou.
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Dona de um estabelecimento comercial que funciona a cerca de 100 metros do local onde o prédio desabou, Andrea Barbosa de Sousa disse que o edifício era residencial e estava ocupado na hora.
“Só escutei um barulho muito grande. Foi tipo uma explosão. Eu saí correndo quando vi a nuvem de poeira chegando até aqui, na loja. Saí na calçada e não vi quase nada, só algumas pessoas correndo em meio à nuvem de poeira”, afirmou a comerciante ao retornar para fechar a loja que havia abandonado e deixado aberta.
Recepcionista de uma pet shop que funciona na mesma calçada do Edifício Andréa, Sávio Matheus Ferreira de Castro Pinto afirmou que a queda do prédio foi precedida por um barulho que aumentou gradativa e rapidamente, até culminar com um som semelhante ao de uma explosão.
“Achamos que se tratava de uma batida de carro. Só que o barulho foi aumentando e aí veio a nuvem de poeira. Fechamos as portas e ficamos dentro da loja porque demoramos a entender o que tinha acontecido. Não dava para ver nada, só alguns destroços espalhados pela rua. Quando saímos na calçada já tinha muita gente chorando. Um desespero”, relatou o recepcionista. De acordo com ele, “muita gente” morava no condomínio. “O próprio dono da pet shop conhecia um morador”, acrescentou o recepcionista, relatando que o edifício “parecia muito velho, a ponto de parecer estar abandonado”.
As 9 pessoas mortas não representam apenas números ou nomes. Foram histórias e sonhos interrompidos de forma abrupta, sem sequer ter a chance de uma despedida. 2 anos depois, amigos de Maria da Penha Bezerril Cavalcante, uma das pessoas mortas no acidente, ainda convivem com o luto. Uma dor que dificilmente vai passar. Ouça o depoimento:
Além de Maria da Penha, morreram no desabamento: Vicente de Paula Menezes, de 86 anos; Eriverton Laurentino Araújo, de 44 anos; Rosane Marques de Menezes, de 56 anos; Frederick Santana dos Santos, de 30 anos; Izaura Marques Menezes, de 81 anos; Antônio Gildásio Holanda Silveira, de 60 anos; Nayara Pinho Silveira, 31 anos, e Maria das Graças Rodrigues, de 53 anos; síndica do prédio e última pessoa a ser encontrada sob os escombros.
Mas a tragédia, além de mexer com a vida da cidade, que estava atenta às informações sobre o resgate às vítimas, expôs 2 sentimentos: a solidariedade e a empatia dos fortalezenses. Dezenas de pessoas deixavam alimentos e água nas proximidades do local e ajudavam a controlar a entrada e saída de quem circulava. Além disso, um ponto de apoio com alimentos e água foi montado para os profissionais que ajudavam nas buscas.
Para a professora Raquel Dutra, que atuou como voluntária, a sensação é de dever cumprido. Ouça:
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A fisioterapeuta Ana Carolina Furtado também viveu de perto o voluntariado durante o resgate às vítimas. Um ato de amor ao próximo.
“Chegando lá, eu presenciei aquela cena que parecia um cenário de guerra, nunca tinha vivenciado aquilo. Conforme foi passando o tempo, foram chegando mais profissionais e a gente montou uma equipe para prestar todo o apoio não só aos bombeiros, mas também a todos que estavam naquele trabalho de resgate, que é muito exaustivo. A gente tem uma missão na vida que é ajudar sempre o próximo. Eu fui como uma profissional da saúde mas não apenas isso, eu estava ali realmente de coração para ajudar o próximo”, finaliza Ana Carolina.
O resgate às vítimas durou 5 dias, com a ajuda de cães farejadores, sem interrupção, até que todas fossem retiradas dos escombros. A atuação do Corpo de Bombeiros rendeu diversas homenagens de órgãos políticos, clubes de futebol e das famílias das vítimas. O então comandante da corporação e hoje secretário de Segurança Cidadã de Fortaleza, coronel Eduardo Holanda, afirmou em entrevista à Rádio Jovem Pan News Fortaleza que o trabalho só foi possível com o apoio dos cearenses. Ouça:
O terreno onde ficava o Edifício Andrea vai sediar uma unidade do Corpo de Bombeiros. Eduardo Holanda relembrou alguns momentos da operação de resgate que, segundo ele, vão ficar marcados para sempre.
O acidente no Edifício Andrea abriu debates sobre a segurança das edificações, negligências e fiscalizações. Em abril de 2021, um ano e seis meses após o acidente, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE) decidiu que os dois engenheiros – José Andreson Gonzaga dos Santos e Carlos Alberto Loss de Oliveira – e o pedreiro indiciado pela queda do prédio, Amauri Pereira de Souza, iriam responder por homicídio doloso eventual, ou seja, quando os responsáveis assumem o risco de que o homicídio aconteça.
Eles são apontados como responsáveis pela reforma do prédio, que teria começado 1 dia antes do desabamento. Ainda em 2020, a defesa entrou com recurso para impedir que o caso fosse julgado pelo júri popular.
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